Cotidiano

Feirantes e população cobram melhorias na Feira do Garimpeiro

Considerada uma das mais tradicionais feiras livres do Estado, a feira deverá passar por mudanças em breve. Feirantes temem que a Prefeitura não cumpra com acordos assumidos no começo do ano

Montada todos os domingos na Capital, a Feira do Garimpeiro é considerada uma das feiras livres mais populares do comércio roraimense. Nos dias de funcionamento, o local recebe em média cerca de mil pessoas, sendo esta também uma das que mais empregam produtores rurais de todo o estado.
Apesar da grande relevância na economia, a feira que está localizada na avenida Ataíde Teive é alvo de constantes críticas, tanto de consumidores quanto dos próprios feirantes. “Eu sou frequentadora da feira a mais de 10 anos e nunca vi mudanças por aqui. As barracas funcionam de forma bem improvisada, tem muita sujeira e quando chove, a situação fica ainda mais complicada”, destacou a técnica em enfermagem Cláudia Rabelo.
No começo do ano, a Prefeitura de Boa Vista se reuniu com 22 feirantes para discutir e buscar soluções para o local. Entre os problemas citados pelo grupo estão a falta de expositores adequados, segurança e banheiros químicos. Na época, a Administração da prefeita Teresa Surita se comprometeu a melhorar a situação dos feirantes, mas segundo muitos, nada mudou.
“Até o momento continuamos na mesma. A única resposta que ela [prefeita] deu aos feirantes era que iria padronizar as barracas. Essa padronização, segundo o que nos foi falado, ocorreria no dia 06 de dezembro, só que eu creio que o problema não vai ser resolvido só com padronização. Existem outros problemas que precisam ser sanados aqui na feira. Os fiscais já avisaram para a gente mudar as barracas e que vão fornecer os balcões de exposição, mas eu não sei se eles vão aguentar tanto peso. E se não der certo, nós vamos ter que voltar com as barracas antigas”, disso o feirante Valdomiro Brito.
Feirante do local há mais de 20 anos, Brito teme que a obra de asfaltamento da avenida espante os clientes, uma vez que não existem canais de escoamento de água. Quando chove, poças de lama se formam entre as barracas, que além de dificultar o trânsito dos clientes, podem proliferar doenças. “Outro problema que a gente sempre relata para a Prefeitura é em relação a limpeza da feira. Toda vez que chove, acaba acumulando muita lama. Eles estão passando o asfalto novo, mas e a construção de bueiros? Eles vão ter que cortar para fazer as vazantes para a água, então vai ser um gasto desnecessário, fora que com essa lama empoçada, o freguês não pode nem chegar nas barracas”, reclamou.
Para o vendedor de farinha, além dos problemas dentro do espaço da feira, existe outro obstáculo a superar na rotina diária dos produtores, a falta de incentivos do poder público. Muitos feirantes não dispõem de condução própria para transportar as mercadorias. “Chego aqui bem cedo, por volta das 6 horas. Quando estou com o transporte em dia, eu chego 04h30. Tenho que trabalhar até 21 horas para vender toda a mercadoria porque eu não tenho transporte próprio, então tem que pagar alguém para transportar a carga. Seria interessante que a Prefeitura desse subsídio para ajudar o produtor melhorar o escoamento dos produtos. Todos sairiam ganhando, tanto a cidade, que geraria mais dinheiro, o consumidor que tem produtos de maior qualidade e o feirante que tem como transportar a carga de forma imediata”, comentou Brito.
Já para a vendedora de popa de frutas Francisca Moreira espera que a Prefeitura cumpra com o acordo que fez com os feirantes. “Espero que eles cumpram o que prometeram e que essas mudanças não prejudiquem ninguém. A gente podendo trabalhar de forma digna e honesta é o que vale”, declarou.
GARIMPEIRO – Atualmente são 500 pessoas que trabalham na feira, que funciona nas manhãs de domingo até as 14 horas, na avenida Ataíde Teive. Os feirantes começam a se organizar na noite de sábado, o trânsito começa a ser interditado por volta das 22 horas e é desviado para as vias adjacentes.
PMBV – Por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a padronização e reestruturação das feiras livres da Capital estão incluídas no plano de governo da prefeita Teresa Surita. “Durante todo o ano, a Prefeitura trabalhou para agilizar este processo de padronização nas feiras do Garimpeiro e do Pintolândia, primeiras beneficiadas pelo serviço de reestruturação”, disse.
A nota ressalta ainda que Prefeitura já está providenciando os trâmites de entrega das novas barracas aos feirantes cadastrados. (ML)