Cotidiano

Feiras-livres e mercados da Capital estão com estrutura física deficiente

Vendedores e consumidores reclamam da situação das feiras e mercados municipais, mas autoridades não tomam previdências

A situação das feiras-livres e mercados municipais na Capital está cada vez mais complicada. Durante uma visita às instalações de oito locais, a Folha constatou que todas precisam de reparos, consertos e até mesmo reformas. Boa Vista tem oito feiras e mercados. Cinco delas funcionam todos os dias: Mercado Romeu Caldas, Mercado de São Francisco, Feira do Passarão, Mercado do São Vicente e Feira de Peixe, onde a circulação de pessoas é intensa em todos os horários.

Três desses locais funcionam apenas nos finais de semana: Feira do Garimpeiro (aos domingos), Feira Municipal Laura Pinheiro (aos sábados) e a Feirinha no Caranã (aos sábados). Em todas elas a Folha constatou problemas estruturais e sanitários.

No Mercado Municipal de São Francisco, na avenida Major Willians, no bairro São Francisco, os vendedores reclamaram da estrutura. Conforme eles, as pias estão quebradas, os portões de entradas estão com defeito, os boxes vazios servem para acumular lixo e baratas, além das câmeras de segurança que não funcionam. “Nossos clientes reclamam, nós reclamamos, mas a administração não faz nada. Enquanto isso, nós estamos aqui já que dependemos disso para viver”, disse uma comerciante.

Situação parecida é vista no Mercado Romeu Caldas, um dos mais antigos da cidade, localizado na avenida Glaycon de Paiva, bairro Mecejana. Segundo os comerciantes do local, a sujeira incomoda. “Os boxes estão velhos, cheio de infiltrações e os boxes vazios acumulam ratos. O lixo nós temos que jogar na frente do mercado porque não existe um lugar adequado. Fica complicado porque nossos clientes reclamam do fedor”, disse uma feirante.

A funcionária pública Ana Célia Moreira vai todos os dias à Feira do Passarão, na avenida Ataíde Teive, no bairro Caimbé, comprar verduras frescas. Ela disse que o lugar está com diversos problemas de estrutura, como piso danificado, banheiros quebrados, espaço coberto que não é mais suficiente para abrigar a todos os feirantes e a instalação de rede elétrica precária, porém afirmou que os produtos são de qualidade. “O lugar está velho e precisando de uma boa reforma, mas eu compro aqui tem muito tempo. Então eu venho por necessidade mesmo”, explicou.

A Prefeitura de Boa Vista anunciou uma reforma para Feira do Passarão em janeiro deste ano, a obra seria realizada pela empresa Pacaraima Construções Ltda., orçada no valor de R$1,4 milhão. Porém até a manhã de ontem os feirantes alegaram que nenhuma reforma foi iniciada.

AÇÃO – O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) ajuizou, no início desta semana, uma ação civil pública para que a Justiça obrigue o Município de Boa Vista a realizar obra de reforma e restauração no Mercado Municipal Laura Pinheiro a fim de que possam ser retomadas as atividades no local, sob pena de multa mensal de R$ 10 mil. Consta na ação que o imóvel, localizado no bairro Silvio Botelho, está com estrutura saqueada, sendo utilizado por vândalos drogados.

A Prefeitura de Boa Vista alegou que o abandono ocorreu em função da interdição feita por ordem da Defesa Civil. Porém, a conclusão do relatório da Defesa Civil é de que se encontrava em bom estado a estrutura, carecendo apenas de limpeza, verificação e adequação das instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, bem como instalação dos equipamentos fixos e móveis de prevenção e proteção contra incêndio e pânico, conforme a legislação estadual.

“Chama atenção o fato de que a administração municipal tinha conhecimento da situação e das necessidades para retomar o mercado municipal e se omitiu, deixado a estrutura pública desativada, prejudicando não apenas o patrimônio municipal, mas expondo a comunidade local aos malefícios do abandono”, informou o MP.

PREFEITURA – A Folha enviou e-mail para a Prefeitura de Boa Vista questionando todos os problemas detectados nas feiras da Capital, mas não obteve resposta.