“Não tenho palavras para descrever como será este domingo, quando se celebra o Dia das Mães”, disse o militar Kennedy Guimarães, 41 anos, com os olhos marejados ao falar da mãe que faleceu por complicações da covid, no mês passado.
Mas a dor que sente é muito maior, porque além da mãe, Maria Santos Guimarães, 64 anos, ele perdeu ainda o pai, Noé Guimarães Ribeiro, 66 anos, e a irmã, Karen Tauanny, 32 anos.
Esses últimos dias na vida de Kennedy têm sido marcados por um luto profundo, pois em menos de 15 dias perdeu três entes queridos: a primeira a vir a óbito foi a irmã, no dia 30 de março; depois a mãe, no dia 05 de abril e o pai no dia 14 de abril. Todos vítimas da covid-19.
E Kennedy, depois de dias entre a vida e a morte, sobreviveu e está se recuperando da doença. “É muito difícil”, ressaltou o militar, contando que estava acostumado com o chamego e o carinho da mãe, do pai e da irmã que deixou um garoto de seis anos, que está sendo criado por ele.
“Esse é o primeiro Dia das Mães que passarei sem ela e não sei como será. Ficar sem os pilares da minha vida, de uma palavra de conforto, uma conversa e o aprendizados do dia a dia, deixa um vazio no peito da gente. A dor, a tristeza e a saudade são enormes, mas tenho fé em Deus que encontrarei forças para seguir vivendo, apesar da imensa falta”, comentou.
Entre tantas lembranças, Kennedy carrega na memória os dias em que viveu com a mãe, em especial o Dia das Mães. “Morávamos em bairros diferentes, mas todos os dias eu falava com minha mãe. E quando passava um dia sem ligar pra ela, devido a correria, ela ligava e perguntava ‘ei, você não tem mais mãe’”, relembrou.
“Mas no Dia das Mães era só alegria, porque a gente reunia a família para celebrar a vida e essa data tão especial para todas as mães. Lembro que ela dizia, ‘hoje eu não vou cozinhar’. Então íamos todos para um restaurante. Mas o dia dele era todo dia, até porque mãe so temos uma e merece todo o amor e respeito”, frisou.
“Todos os momentos ao lado dela foram bons. Mas tem um que me entristece, que é o dia 02 de abril, porque foi a última vez que vi e falei com ela. Três dias depois ela veio a óbito. É muito difícil. Sinto falta de tudo, de tudo mesmo. Sinto muita falta até do cheiro da minha mãe”, contou Kennedy.
MEMÓRIAS – Nesse período de perda, Kennedy encontrou algo que relembra momentos da família em vida: uma agenda onde o pai escrevia desde 2012 o dia a dia deles.
“Eu não sabia que meu pai relatava o nosso cotidiano. Achei essa agenda e li um pouco desses últimos acontecimentos entre a gente. Ele contou o que minha irmã e minha mãe passaram após exames revelarem que estavam com covid. Tem mais histórias, mas quero primeiro que essa dor passe e eu me recupere dessa doença para ler o que tanto meu pai escreveu”, disse.
Obs: A foto que ilustra essa reportagem foi feita antes da pandemia do coronavirus.