Cotidiano

Focos de incêndio triplicam e voltam a preocupar Defesa Civil

Plano de ação e contingência no período de estiagem já foi iniciado e sala foi montada para atendimento dos incêndios florestais

Depois de registrar as maiores quantidades de focos de calor dos últimos 20 anos, nos meses de novembro e dezembro do ano passado, o alto índice de registros no mês de fevereiro reacendeu o sinal de alerta para desastres ambientais por conta da baixa quantidade de chuvas e do período de estiagem.

Conforme a Defesa Civil do Estado, de 1º a 22 deste mês já foram registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mais de 420 focos de calor na Capital e municípios do interior. É mais do que o triplo da quantidade contabilizada no mesmo período do ano passado, que teve 120 focos.

Apesar de preocupante, a situação já vem sendo controlada pela Defesa Civil desde o final de 2017, quando equipes visitaram os municípios do interior traçando os planos de ação e contingência no período de estiagem. Uma sala de situação também foi montada no quartel do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR) para atendimento dos incêndios florestais.

“Estamos trabalhando no combate a incêndios florestais desde dezembro do ano passado, mas o monitoramento verificando os níveis do rio, o abastecimento de água à população e os focos de queimada já vem há mais tempo”, informou o chefe da Divisão de Operações Emergenciais, tenente Emerson Lima.

Conforme ele, o aumento dos focos no período ocorre por conta das altas temperaturas e baixa quantidade de chuva, cenário diferente em relação ao ano passado. “Ano passado tivemos ocorrências de chuvas no período de estiagem. O alto índice de focos de incêndios este ano fez com que fizéssemos reforço no período do Carnaval, porque foi um período onde houve muitos incêndios florestais devido à utilização do fogo como ferramenta para limpeza e para preparação do solo nas propriedades”, explicou o tenente.

Lima afirmou que os focos ocorrem principalmente nos municípios que compõem o chamado “Arco de Fogo”, áreas consideradas as mais críticas do Estado. São eles: Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema e Caracaraí. “Temos feito o monitoramento e recebemos informações de equipes do interior onde somos acionados em ocorrências de incêndios. Mesmo diante do aumento de registros, não tivemos informações de grandes incêndios este ano”, destacou.

O tenente orientou que as pessoas realizem queimadas apenas com autorização da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). “Além disso, pedimos que realizem as queimadas com itens de segurança adequados e que tenham equipes de prontidão para ter controle evitando prejuízos ao meio ambiente e à população em geral”, frisou. (L.G.C)

 QUEIMA CONTROLADA 

Mais de 150 autorizações já foram emitidas no interior

Produtores de seis municípios do interior de Roraima já estão obtendo autorizações para queima controlada em propriedades rurais. As licenças estão sendo emitidas por técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) e seguem cronograma elaborado pelo Comitê Gestor de Combate às Queimadas.

Desde que os trabalhos foram iniciados, no início deste mês, mais de 150 autorizações já foram emitidas pelo órgão. Os municípios de Rorainópolis, São Luiz, São João da Baliza e Caroebe, no sul do Estado, além de Caracaraí, na região centro-sul, e Cantá, a centro-leste, já receberam a visita dos profissionais.

Conforme a chefe de Divisão da Femarh, Luciana Alves, os técnicos passam três dias em cada município para atender os produtores que não têm condições de solicitar autorizações na Capital. “Alguns produtores não têm como vir até a sede, então montamos postos de atendimento nas Secretarias de Meio Ambiente de cada município. A emissão vai assinada, lá apenas preenchemos os dados e já sai na hora”, disse.

Para obter a autorização, o produtor deve ter em mãos os documentos de comprovação de posse ou ocupação e o memorial descritivo, documentos pessoais do responsável (Identidade e CPF), autorização de desmatamento ou licença ambiental simplificada, comprovante de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Imposto Territorial Rural (ITR) ou o Certificado de CCIR (Cadastro de Imóvel Rural).

“Toda vez que vamos aos municípios levamos documento sobre os pontos que mais precisam de autorização para queimada. Temos uma equipe específica para o trabalho de fiscalização, porque alguns fazem a queima sem a licença”, explicou.

MULTA – O produtor que fizer queimada sem a autorização da Fundação estará sujeito a pagar multa que começa em R$ 1 mil, se for dentro da área útil. Se for dentro de área de reserva legal, ou de Área de Preservação Permanente (APP), que são as matas ciliares, as encostas de morros ou serras, a multa chega a R$ 5 mil por hectare. “É importante destacar aos produtores que, caso não consigam solicitar a autorização para licença da queima controlada, que venham até a sede da Fundação, em Boa Vista, e evitem multas”, frisou Luciana.

QUEIMA CONTROLADA – A queimada controlada é uma técnica que o pequeno, o médio e o grande produtor utilizam para fazer a renovação do pasto e de lavouras. A Femarh, conforme o Código Florestal Brasileiro, é órgão responsável para fazer a emissão da autorização e a fiscalização sobre as queimadas irregulares. (L.G.C)