A falta de chuvas tem contribuído para o registro de focos de queimadas em todo o Estado, porém, os números ainda não são considerados alarmantes por parte da Defesa Civil Estadual e da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). Até ontem, 12, foram 512 pontos de queima. Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve uma redução de 49%.
Mesmo no calendário de queimadas em vigência no momento, os focos estão acontecendo em regiões fora do previsto, principalmente em comunidades indígenas do município de Amajari. No perímetro urbano, os incêndios também têm chamado atenção e podem ser causados acidentalmente ou por pontas de cigarro jogadas indiscriminadamente em áreas propícias à propagação de chamas.
Em Roraima, parte dos produtores utiliza o fogo para renovar a plantação, porém, é preciso ter a licença ambiental avaliada antes de realizar qualquer atividade.
“Ficamos atentos aos focos de calor detectados pelas imagens de satélites do município. Não houve, até agora, um aumento considerável que nos diga que os produtores começaram a queimar. Observamos é que, embora o calendário tenha se iniciado em janeiro, as queimas não têm ocorrido ainda”, explicou o diretor-executivo da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC), coronel Francisco Cleudiomar.
Em relação às questões climáticas, o coordenador explica que a situação é crítica por ainda não ter precipitação neste mês. Com esse cenário, a possibilidade de uma queima se tornar um incêndio de grandes proporções é alta.
“Só combatemos incêndio no município de Amajari, mas foi uma situação restrita, e hoje não tivemos acionamento e não deslocamos nenhuma equipe”, continuou.
Coronel Cleudiomar pontuou que há um trabalho em conjunto com a Defesa Civil Municipal de Amajari com vistorias e fiscalizações em região de floresta nas comunidades de Trairão e Bom Jesus para saberem se há focos de queimadas no local.
“As visitas dos técnicos da Femarh para liberar queima só ocorrem no dia 25, então esses incêndios que aconteceram estão completamente fora do calendário de queimadas”, disse.
Nas áreas indígenas, consideradas federais, há a atuação do Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) através da equipe do PrevFogo. Uma reunião foi feita com a Defesa Civil na manhã de ontem para debater quais planejamentos devem ser tomados para o combate de possíveis incêndios de grandes proporções.
“Do ponto de vista climático, estamos enfrentando um problema equivalente a 2010, por exemplo. Não registramos nenhum milímetro de chuva no mês de fevereiro até agora. Em janeiro, choveu 4,6 milímetros. O calendário de queimadas pode ser suspenso a qualquer momento, mas isso só acontece quando a situação requer e não é o que temos agora”, enfatizou.
Em casos de incêndio nas estradas, orientação é esperar
Os incêndios registrados no perímetro urbano de Boa Vista e no entorno da área de lavrado também foram os principais combatidos pela Defesa Civil até o momento.
“A maioria desses incêndios foi acidental, provocados, por exemplo, por pontas de cigarro na beira da estrada. Há a possibilidade de casos criminosos, mas não houve nenhuma situação de flagrar alguém queimando uma área de lavrado”, contou o coronel.
Nos casos de incêndio nas margens das estradas, ele orienta que os motoristas esperem a fumaça baixar antes de prosseguir viagem e, no caso de motociclistas, não ultrapassar sem a viseira do capacete.
“Vai incomodar a visão e a respiração. Não seguir em frente se a estrada estiver tomada pela fumaça porque é uma série de gases que provocam ardência de imediato e riscos à saúde”, destacou.
Calendário é formado para inibir prática de queima
A implantação do calendário de queimadas em período de situação climática crítica é uma das formas de incentivar os produtores a utilizar cada vez menos o fogo como forma de renovar o pasto nas zonas rurais. Nos casos de queima ilegal em território estadual, a multa é de R$ 1 mil por hectare ou fração.
“O calendário foi feito com o maior critério possível, inclusive colocamos em pauta a questão climática. Ano passado, foi um pouco mais crítico e este ano estamos conseguindo controlar. Em março e abril, começa o período chuvoso e é por isso que as pessoas vão querer utilizar o fogo. Fizemos isso para amenizar e coibir a prática”, relatou Yuri Lima, chefe de Fiscalização da Femarh.
O calendário prevê a liberação atualmente no município de Iracema até quinta-feira, 14. No dia seguinte, já começa para Mujacaí e se estende até 20 de fevereiro. Dos dias 21 a 24, será a vez de Alto Alegre. Em Amajari, o período é de 25 a 28, e em Nomandia, até 2 de março. (A.P.L)