De qualquer ponto de Roraima, o cheiro de queimada já é sentido. O problema tem incomodado os moradores, que encontram frequentemente fuligem nas residências. Mesmo com a suspensão do calendário de queimadas antes do carnaval, os focos de calor em 2019 tiveram o maior registro da história.
Até ontem, 2, conforme o boletim hidroclimático da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) e o boletim climatológico da Defesa Civil Estadual, foram registrados 3.506 focos, sendo 61 somente nos últimos dois dias. Trinta deles foram registrados em Caracaraí. No ano passado, no mesmo mês, os números chegaram a 191. Em todo ano de 2018, foram 2.383.
“O monitoramento é feito diariamente. Só em março, registramos 2.282 focos de calor e é a maior quantidade para o mesmo período e maior ainda quando, em 2016, foram registrados 1.985 focos. Superou todos os anos anteriores”, afirmou o diretor da Defesa Civil, Coronel Cleudiomar Ferreira.
Ele ressaltou que a falta de chuvas durante o ano tem contribuído para que os focos de calor acabem tendo um número muito maior.
“Há o problema das queimadas feitas pelos produtores rurais. Estamos diariamente solicitando que os produtores parem [as queimadas]”, completou.
TEMPERATURAS – O roraimense parece estar contando as horas para a chegada do inverno. Com o calor intenso das últimas semanas e um aumento significativo de focos de queimadas, as chuvas nunca foram tão aguardadas. Contudo, as previsões climáticas avaliam que a quantidade de chuvas para o período sazonal é abaixo do normal em grande parte do Estado.
Nos boletins climáticos das instituições, o acumulado de precipitação nos três primeiros meses do ano variou entre 4,8 milímetros e 13 milímetros, número muito abaixo do esperado para essa época do ano. Fevereiro teve a menor quantidade de chuvas, com apenas 0,2 milímetro.
A previsão é que o inverno comece no dia 16 de abril.
Com as temperaturas chegando aos 37 graus nos próximos dias, o Sul do Estado pode atingir três milímetros de água nesse período. O coronel Cleudiomar Ferreira explicou que durante esse período, mesmo no verão, o esperado era que chovesse 74 milímetros, e que apesar de ser possível observar o aparecimento de nuvens mais pesadas, não chegam a durar mais do que dois dias de chuva em algumas localidades de Roraima.
“Nesse fim de semana choveu no Cantá e na região de Campos Novos, em Iracema, por dois dias seguidos. Teve também uma chuva muito fraca em Amajari, mas que não deu para amenizar a situação. Como estamos enfrentando de novo o El Niño, o medo é que o inverno seja fraco e as chuvas mais fortes podem ser influência do fenômeno”, disse.
Ferreira assegurou que por conta da sazonalidade do inverno em Roraima e o aparecimento do El Niño, não é possível determinar com precisão se as chuvas podem cair nas próximas semanas e que em anos anteriores, quando foi registrada a mesma situação, elas começaram somente em maio.