Cotidiano

Força-tarefa é criada para acelerar obras

Ministério de Energia e da Justiça vão entrar em acordo para que obras sejam retomadas no menor tempo possível

Com objetivo de construir uma fórmula que permita evitar os obstáculos criados por uma ação movida pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM), parlamentares e representantes do Governo de Roraima se reuniram, nesta semana, com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, para tratar das obras do Linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao Sistema Interligado Nacional a partir de Manaus (AM). Participaram da audiência com o ministro os senadores Ângela Portela (PT) e Telmário Mota (PDT), o ex-governador Neudo Campos e o secretário da representação do Governo de Roraima em Brasília, Mozarildo Cavalcanti.
Senador licenciado pelo Amazonas, Estado que também depende do Linhão de Tucuruí, o ministro Eduardo Braga conhece o problema representado pela paralisação das obras. Diante dos senadores e do ex-governador de Roraima, telefonou para o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai), de onde partiu a reclamação bancada pelo Ministério Público.
Definiu-se, então, que os ministérios de Minas e Energia e o da Justiça criarão uma força-tarefa encarregada de, no menor espaço de tempo possível, obter um acordo que possibilite a retomada dos trabalhos do Linhão de Tucuruí. O ponto central é receber a anuência da Funai, uma vez que o linhão corta a Reserva Indígena Waimiri-Atroari.
A senadora Ângela Portela afirmou que acompanhará esses trabalhos para que o objetivo final seja atendido no menor tempo possível. “Defendemos a conclusão do Linhão de Tucuruí porque acreditamos que com esta obra deixaremos de depender da Energia de Guri, na Venezuela, e passaremos a ter energia confiável, segura e mais barata em Roraima”, disse.
IMBRÓGLIO – A disputa judicial surgiu a partir de uma ação judicial interposta pelo Ministério Público Federal no Amazonas, por iniciativa da Funai. O MPF alegou que, ao contrário do que determina a legislação, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deixou de consultar os povos indígenas que habitam na reserva Waimiri-Atroari, situada na divisa entre Roraima e Amazonas. Argumentou ainda que na forma como está projetado, o linhão poderia ser nocivo às comunidades que ali vivem.
Embora sempre tenha lutado pelos direitos dos indígenas, a senadora Ângela Portela reafirmou que a construção do Linhão de Tucuruí é vital para Roraima. “A precariedade e o alto custo do fornecimento de energia em Roraima prejudicam fortemente a economia da região, desestimulam a instalação de empreendimentos e prejudicam os já existentes ao constituírem entrave à indústria, à agricultura e aos serviços no Estado, que não têm como fazer frente aos custos e que sofrem com os apagões”, explicou a parlamentar.
Por outro lado, a Constituição Federal e acordos internacionais, firmados pelo Governo brasileiro, reconhecem aos povos indígenas o direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam. “É por esse motivo que entidades da administração pública devem realizar consulta prévia antes de executar qualquer empreendimento nestes territórios”, disse a parlamentar. (V.V)