Roraima não tem previsão de receber o fornecimento de energia da Venezuela. A informação foi dada pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, junto à apuração do jornal Folha de São Paulo. O estado tem um acordo de importação de energia limpa do país vizinho, que foi retomado ano passado.
O motivo, conforme o jornal, é que os empreendedores autorizados a operar na importação ainda não fizeram um teste pré-requisito de 96 horas ininterruptas na linha de transmissão entre Brasil e Venezuela. De acordo com o diretor, esse procedimento é padrão e garante a capacidade do país em fornecer energia à Roraima.
“Eles têm que fazer um teste de 96 horas contínuas e não conseguiram ainda fazer esse teste. Já passamos essa condição ao empreendedor. As datas para esses testes já venceram algumas vezes”, afirmou Ciocchi.
A operação seria realizada pela comercializadora de energia Âmbar, pertencente ao grupo J&F, que negociou diretamente com a Venezuela a compra da energia da hidrelétrica de Guri.
Retorno do fornecimento
No ano passado, o Governo Federal brasileiro retomou o acordo de conexão elétrica com a Venezuela com abastecimento para Roraima. O acordo foi interrompido em 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e piora nas relações bilaterais entre os dois países.
Em outubro de 2023, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o fornecimento aconteceria em 30 dias e que os testes aconteceriam em novembro. Em dezembro, um novo anúncio comunicou que a partir de janeiro deste ano, Roraima já seria abastecida com energia da Venezuela, o que não aconteceu.
Preço da energia
O acordo foi retomado para redução dos custos na geração de energia em Roraima, que é o único estado fora do Sistema Nacional Interligado (SIN) e é abastecido por termelétricas a óleo diesel e óleo combustível.
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À Folha de São Paulo o Ministério de Minas e Energia afirmou que “se mantém mobilizado para receber energia limpa e renovável da Venezuela”. “A pasta entende que é essencial que se tenha custo mais baixo do que o praticado no sistema isolado de Roraima, que ainda conta com geração a partir de combustíveis fósseis”, disse, em nota.
A integração entre os países é vista como importante do ponto de vista do setor elétrico, disse o diretor-geral do ONS, uma vez que reforça a segurança do fornecimento de energia enquanto Roraima não é integrada ao SIN. “Tendo a usina e uma linha confiável é algo excelente porque a Venezuela tem um grande potencial hidrelétrico”, disse Ciocchi.
Roraima espera pela conclusão do linhão de transmissão Manaus-Boa Vista, cujas obras ficaram paradas por mais de uma década à espera de licenciamento ambiental.
*Com informações da Folha de São Paulo