Cotidiano

Funai confirma 228 garimpeiros detidos

Sem recursos suficientes, Funai tem apenas quatro voadeiras para transportar quase duas centenas de garimpeiros

O comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), major Miguel Arcanjo, disse ontem que 138 garimpeiros retirados da Terra Indígena Yanomami já estavam chegando pelo rio Uraricoera, no Município de Alto Alegre, Centro-Oeste do Estado, onde desembarcariam na fazenda Pacu, a 200 quilômetros da Capital pela RR-210, Noroeste do Estado.
Os garimpeiros chegariam na noite de ontem e seriam levados à sede da Superintendência da Polícia Federal, no bairro 13 de Setembro, zona Sul, onde prestariam depoimento. Na base avançada da Funai, no acampamento Wai-kai, em solo Yanomami, no Município de Amajari, Norte de Roraima, mais 90 garimpeiros aguardariam as voadeiras retornarem para buscá-los, totalizando 228 detidos.
“As quatro voadeiras estão trazendo 138 garimpeiros. Depois, retornarão para buscar o resto. Acredito que até o final desta semana todos estarão aqui”, disse o comandante. Na fazenda Pacu, policiais militares e agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) aguardavam os garimpeiros, no começo da noite de ontem. O grupo seria transportado em comboio até Boa Vista.
TIRO – O garimpeiro que deu um tiro nas costas do sargento Ronildo Brandão, segundo Arcanjo, continuava foragido até a noite de ontem. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e os próprios garimpeiros estavam na mata atrás do suspeito.
Até ontem à noite, o sargento Ronildo permanecia na UTI do Hospital Geral de Roraima (HGR), mas já respirava sem ajuda de aparelhos. O quadro clínico dele era estável, segundo enfermeiros.
EMBOSCADA – Na manhã de sábado passado, dia 29, garimpeiros armaram uma emboscada e atiraram em seis PMs e três agentes da Funai que destruíam balsas de garimpo na região do Auaris, na Terra Indígena Yanomami, Município do Amajari, a 150 quilômetros da Capital pela BR-174, Norte de Roraima.
O sargento foi alvejado nas costas no momento em que tentava tirar um tronco que obstruía a passagem na parte mais estreita do rio Uraricoera. Agentes e policiais militares participavam da operação Krokorema II, desencadeada no último dia 27 pela Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Yekuama da Funai. (AJ)
Familiares denunciam que garimpeiros passam fome
A Folha entrevistou ontem alguns familiares dos garimpeiros. Eles disseram que começou a faltar comida na região porque os aviões que faziam voos clandestinos deixaram de levar o rancho. Os parentes também denunciaram que a Funai não tinha como trazer todos para a Capital.
“Eles ficam mentindo para gente, dizendo que nossos familiares estão vindo, mas nunca chegam. Queremos eles aqui porque não são bandidos, são trabalhadores que estão no meio da mata tirando o sustento da família”, alegou Silvana Rodrigues, de 29 anos, mulher de um dos garimpeiros.
Por mês, empresários venezuelanos e brasileiros da garimpagem ilegal retiram mais de 80 quilos de ouro apenas da Terra Indígena Yanomami. O prejuízo é do povo brasileiro e já chega a mais de R$17 milhões. A garimpagem ilegal é crime de usurpação e Ambiental.
SEM RETORNO – A Folha mandou e-mail ontem à tarde à Assessoria de Comunicação da Funai, em Brasília, mas não houve retorno até o encerramento da matéria, às 20h. (AJ)