O Gabinete Integrado de Gestão Migratória vem desenvolvendo iniciativas para identificar os problemas e criar soluções para minimizar os impactos decorrentes da migração em massa de pessoas da Venezuela para Roraima. Os trabalhos pretendem entender a situação e fazer um levantamento da quantidade, do perfil dos migrantes e saber quais estão em situação de vulnerabilidade social.
“Esse gerenciamento busca no primeiro momento entender a situação e verificar quais são os números e o perfil desses migrantes com o diagnóstico do problema para soluções dos impactos decorrentes dessa migração econômica”, disse o coordenador de Planejamento do Gabinete Integrado de Gestão Migratória, coronel Doriedson Ribeiro.
Segundo ele, foi instituído o Centro de Atendimento ao Imigrante em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, ao Norte do Estado. Somente nos últimos de 16 dias, este Centro de Atendimento já contabilizou 1.296 venezuelanos que entraram no Brasil pela fronteira em Pacaraima. Ribeiro apresentou dados de órgãos que integram o Gabinete Integrado de Gestão Migratória que revelam que a saúde, a educação e a segurança pública são as áreas que mais sentem o aumento da demanda.
Somente no primeiro semestre deste ano, o Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, atendeu a 3.200 pacientes daquele país. Em Boa Vista, também no primeiro semestre, foram 544 atendimentos destinados a estes imigrantes no Hospital Geral de Roraima (HGR). No Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, foram 478 atendimentos, com 275 internações. De acordo com os dados, os casos de malária importados da Venezuela subiram de 503, em 2015, para 1.378, em 2016.
No setor educacional a situação não é diferente. Com base no último Censo Escolar, o número de alunos da Venezuela matriculados nas escolas municipais e estaduais de Roraima aumentou quase 400%, passando de 248 matriculados no ano passado para 999 alunos estudando este ano. Na segurança pública, o número de crimes em Roraima envolvendo vítimas e infratores do país vizinho passou de 58 em 2015 para 220 este ano.
Em Boa Vista, segundo o coronel Ribeiro, o Centro de Atendimento ao Migrante da Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes) realiza o encaminhamento daqueles que estão legalmente no Brasil a vagas de emprego. Uma das preocupações comentadas por ele é com a situação de vulnerabilidade social de muitos imigrantes. Citou a situação dos indígenas que vieram de regiões distantes até 1.500 quilômetros da linha de fronteira do Brasil com a Venezuela, como as senhoras que usam vestidos floridos pedindo dinheiro nos semáforos.
Outros foram identificados pelo Centro de Atendimento ao Migrante Móvel vivendo de maneira vulnerável, principalmente em bairros da Zona Oeste, como Caimbé, Segundo Ribeiro, 56% dos que entram no Estado afirmam que vieram fazer turismo, 4% para morar, 16% para comércio, 9% a trabalho e 13% por outras situações.
SOLUÇÃO – Ribeiro disse que uma das soluções que estão sendo estudadas pelo Gabinete Integrado de Gestão Migratória para minimizar os impactos na saúde é a criação de um hospital de campanha em Pacaraima, para que pessoas da Venezuela recebam atendimento básico de saúde sem precisarem recorrer aos maiores hospitais do Estado.
Segundo ele, existem diálogos para que o Conselho Tutelar de Boa Vista possa prestar apoio, pois há muitas crianças vindas da Venezuela em situação de vulnerabilidade. “Faremos contato também com o Juizado da Infância e da Juventude para que possamos discutir a questão e achar uma solução”, disse ao frisar que o diagnóstico pretende também chamar a atenção do Governo Federal para esta Migração Econômica, que é o termo usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para denominar a situação de pessoas que se deslocam em massa de seu país em crise econômica em busca de melhores meios de subsistência em outra nação.
Ribeiro lembrou que situações relacionadas a imigrantes são de responsabilidade do Governo Federal e que a construção de galpões para abrigar as pessoas e doação de alimentos seriam apenas medidas paliativas que não solucionam o problema a longo prazo. “As organizações não governamentais estão fazendo esse trabalho”, comentou.
O Gabinete Integrado de Gestão Migratória foi criado em 17 de outubro pelo Governo do Estado com a integração da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) e Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). O gerenciamento é realizado pela Defesa Civil do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBM-RR), por ser um órgão de articulação nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. (A.D)