Cotidiano

Galhos geram risco em contato com fios de rede elétrica

Eletrobras informou que trabalho de poda é feito de forma preventiva, mas a demanda é grande e consumidores podem acionar a empresa pelo número 0800-70-19-120

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Manter o equilíbrio entre a natureza e as necessidades da população urbana pode não ser uma tarefa simples, mas é necessário. A vida moderna exige energia elétrica, mas também em uma cidade de altas temperaturas como Boa Vista, as árvores amenizam esse clima escaldante. O problema é quando galhos crescem demais e se chocam com a fiação elétrica, o resultado pode ser uma interrupção do fornecimento de energia ou em casos mais graves, incêndios.

A Folha visitou diversos bairros da capital para verificar a situação de árvores próximas à fiação elétrica. Não demorou muito para que encontrássemos algumas situações em que galhos cobriam os fios de alta tensão.

No bairro Caranã encontramos uma casa em que os cabos estavam cobrindo os fios. O responsável pelo imóvel, Gilead Barbosa, disse que há mais de sete meses a árvore não é podada e que não sabia como agir, pois o serviço é perigoso. Ele disse que da ultima vez uma equipe da Eletrobras pediu permissão para cortar os galhos.

Já na casa de Emaculada Luz, que mora no bairro Cauamé, há uma árvore que não é podada há mais de um ano. Ela relatou que o seu filho chegou a entrar em contato com a Eletrobras, mas não teve retorno.

“A Eletrobras não veio podar e já está há muito tempo assim. Eu sei dos riscos que corro, mas não mando ninguém podar porque um dia desses pedi para um rapaz e ele disse que era perigoso”, disse Emaculada.

No Jardim Floresta encontramos uma árvore que já dava frutos sobre os fios. A residência pertence à dona de casa Geronima Tavares, que não soube dizer quando ocorreu a última poda, mas informou que a empresa de distribuição de energia atendeu o seu pedido da última vez.

A professora de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Roraima, Luizalba Santos, afirmou que a providência imediata é entrar em contato com a empresa responsável pela distribuição de energia e em hipótese alguma ter iniciativa de podar por conta própria.

“Com qualquer movimento, por se tratar de uma rede de cabos nus e não isolados, pode encostar um no outro e provocar um curto, estamos falando de alta tensão, mas isso pode ocorrer em baixa tensão também, na rede secundária”, ressaltou Luizalba.

De acordo com a professora de engenharia, os desligamentos que estavam ocorrendo por causa da árvore de Geronima eram um sinal positivo, pois indicavam que a proteção automática dos fios estava funcionando.

“É até bom quando acontece isso porque a proteção está atuando, quando ocorre um curto, se a proteção não fecha logo, pode queimar os eletrônicos. Como é uma situação passageira, dependendo da rede, pode haver equipamento de ligação que religa automaticamente, quando encosta desliga e depois separa e religa porque o curto deixa de existir”, explicou Luizalba.

Por conta desta proteção só há perigo de choque em dois casos, segundo a professora: quando um cabo arrebenta e cai energizado no chão ou quando chove e o poste está com ferragem exposta.

A Eletrobras informou que o trabalho de poda é feito de forma preventiva, mas a demanda é muito grande, sendo assim, os consumidores podem acionar a empresa ligando para 0800 70 19 120. Nos casos de visita feita por pedido dos consumidores, a empresa disse que o prazo para vistoria é de cinco dias, em caso de urgência o serviço é feito na hora, se não se enquadrar como urgente será agendado para outro momento.

Segundo a Eletrobras, as demandas costumam aumentar durante o período chuvoso, principalmente em bairros com número grande de árvores e residências, como Asa Branca. (F. A.)