Cotidiano

Garimpeiros se reúnem em frente à PF e cobram investigação por mortes

De acordo com o grupo, os assassinatos dos garimpeiros foram atribuídos a indígenas armados, hipótese contestada por manifestantes

Um grupo formado por aproximadamente 20 garimpeiros se reuniu na manhã desta quarta-feira (3), em frente à Superintendência da Polícia Federal em Roraima, para cobrar a investigação pelas mortes na Terra Yanomami desde o último fim de semana. De acordo com o grupo, os assassinatos dos garimpeiros foram atribuídos a indígenas, que estavam armados.


Jailson Mesquita, presidente do Movimento Garimpo é Legal – Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

“Nós queremos uma investigação sobre isso porque nós temos dúvidas se realmente foram índios [sic]. E se foram índios [sic], de onde saíram essas armas. A Funai fez licitação para comprar arma pra índio? [sic]. A Polícia Federal, Força Nacional e PRF estão em contato direto com eles. Eles estão vendo que os índios [sic] estão armados. Isso não é prevaricação?”, afirma um dos organizadores do protesto, Jailson Mesquita, que também é presidente do Movimento Garimpo é Legal (MGL).

“O que está acontecendo aqui é uma tragédia anunciada. Nós viemos aqui na Polícia Federal e avisamos e trouxemos informações de que isso poderia acontecer. Não há surpresas. Essa operação do Governo Federal é um fracasso. Tá morrendo garimpeiro, tá morrendo índio e o Governo não tem capacidade para discutir a questão. Temos uma crise de segurança, aí mandam pra cá a Marina Silva [ministra do Meio Ambiente] para falar em nome da operação. Quem tinha que estar aqui era o ministro [da Justiça] Flávio Dino e o ministro Múcio [José Múcio, ministro da Defesa]”, complementa.

O protesto foi realizado em meio à escalada de violência no território indígena, após 13 mortes em um fim de semana, entre elas, a do agente de saúde Ilson Xirixana, de 36 anos. Nessa terça-feira (2), a Polícia Federal revelou ter encontrado oito corpos na região próxima da comunidade Uxiú, onde Ilson foi baleado durante um ritual fúnebre.

O governo federal pretende realizar ajustes e intensificar a operação contra o garimpo no território Yanomami. Na segunda-feira (1º), as ministras da Saúde, Nísia Trindade, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara e do Meio Ambiente, Marina Silva, desembarcaram em Roraima para avaliar a situação. A estimativa do governo Lula é de que 70% a 80% dos garimpeiros já tenham abandonado o território. 

A reportagem tentou contato com a Polícia Federal em Roraima para comentar as falas de Jailson Mesquita, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.