A questão da mineração em terra indígena deveria ser regularizada para prática das próprias comunidades que habitam o local, causando um menor impacto no meio ambiente. A declaração é da presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiurr), Irisnaide Silva, que defende um apoio dos governos para a independência econômica da população.
Em entrevista à FolhaBV nesta segunda-feira, 19, Dia do Índio, a presidente do Sodiurr afirma que a data é de grande importância para todos os povos indígenas em Roraima e no Brasil, pois é uma data que lembra a luta da população, que defende há muitos anos a sua autonomia, seja pela ordem financeira ou seja pela conquista das suas terras.
Para a presidente, o principal desafio da população indígena é a falta de apoio dos representantes federais. “Nós debatemos muito com as nossas lideranças que o que está faltando apoio do governo para implementar apoio para a produção nas comunidades. É uma forma de dar condição para que possam produzir na sua terra, para sua subsistência e independência econômica”, afirma.
A presidente ressalta ainda que a questão do garimpo, por exemplo, e sua legalização deveria ser discutida também com as comunidades, além de defender a mineração de uma forma que impacte menos o meio ambiente e as comunidades.
“O Congresso precisa legalizar efetivamente o garimpo indígena, para o indígena. Acreditamos que temos condição de trabalhar na nossa própria terra. O indígena conhece a sua reserva e sabe onde ele deve mexer e onde ele não deve. Nós vivemos da natureza, o meio ambiente é importante para nós. Sabemos onde podemos trabalhar. Falta uma política, uma forma de discutir essa atividade com os povos indígenas. Precisa de um debate e um planejamento para não ter esse atrito e esse tipo de prejuízo que nós temos”, afirma a presidente.
Mesmo com as dificuldades enfrentadas pela comunidade, a presidente da Sodiurr afirma que a data é um momento de celebração, em especial, por conta da pandemia do covid que vitimou diversas lideranças indígenas.
“Quando surgiu a pandemia, lá no ano passado, o medo era que a doença ia exterminar os indígenas. Então, no primeiro momento todos os indígenas ficaram assombrados e hoje, podemos dizer que hoje é um dia de vitória. Muitos dos nossos continuam vivos, com saúde. Alguns foram afetados e levados daqui para outra vida, mas temos muitos ainda de pé. É uma conquista. Podemos celebrar a nossa vida. Nós estamos conseguindo vencer a covid”, declarou.