Cotidiano

Garis pedem que população ajude a evitar incidentes

Em época de virada de ano, possibilidade de cortes com agulhas e vidros se torna maior, como os próprios recolhedores de lixo apontam

A vida de gari pode ter sérios riscos, causados muitas vezes por situações que a população pode ajudar a evitar. Em época de virada de ano, a possibilidade de cortes com agulhas e vidros, principalmente, se torna maior, como os próprios recolhedores de lixo apontam.

Maria da Conceição, gari há seis anos, explicou que, mesmo com a utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI), é impossível se prevenir 100% de possíveis cortes.

“Eu mesma já me cortei com garrafas de vidro, e só não precisei de atendimento porque eu estava usando a luva de proteção. É claro que usar o EPI ajuda muito a prevenir certos incidentes, mas a população também precisa colaborar. Afinal, limpeza é um trabalho conjunto.”

Maria da Conceição também apontou que a falta de cuidado com o lixo ainda continua sendo menos prejudicial que a falta de sensibilidade com as próprias ruas da cidade. “É muito comum ver no dia seguinte a qualquer comemoração garrafas de vidro jogadas no chão, o que considero o pior tipo de falta de educação, pois é algo que pode colocar qualquer pessoa que está caminhando em perigo. Eu, pelo menos, estou toda equipada para o trabalho, mas as pessoas não, e podem acabar pisando em cacos de vidro”, afirmou.

Já o gari Carlos Ferreira, há sete anos na profissão, que também passou por uma situação parecida, o ideal é a separação das garrafas de vidro. “O que eu costumo dizer é que é necessário deixar qualquer coisa de vidro separada do lixo comum. De preferência, em uma caixa, pois muitas vezes acabamos nos surpreendendo com algum caco na hora de pegar o saco de lixo”, contou.

Segundo o gerente de Logística Ítalo Melo da empresa Sanepav que realiza o trabalho de limpeza de ruas em Boa Vista, o ideal é que também seja verificado se o saco de lixo aguenta o peso das garrafas, que podem quebrar no chão no caso de o saco rasgar.

“Nós já tivemos casos de garis que já tiveram a perna ou o braço com cortes por causa disso. Reforço que se houver vidro quebrado, seja colocado em um recipiente descartável separado, como uma caixa de papelão, por exemplo, pois vidros quebrados não possuem condições de estar dentro de um saco”, explicou.

Melo também afirmou que outro tipo comum de falta de atenção da população é em relação a seringas, que precisam ser colocadas dentro de algum compartimento, como uma garrafa PET, para proteger do contato com outras pessoas.

“A dica é que, na presença de seringas, que sejam levadas para a unidade hospitalar mais próxima, pois, ao colocar dentro do saco, pode furar quem está segurando. E como não temos conhecimento da substância dentro ou quem a usou, um coquetel de medicamentos mais uma série de diagnósticos serão necessários em meio a uma saúde em risco”, pontuou.

Por último, o gerente de Logística da Sanepav afirmou que é importante que o lixo seja deixado na frente de casa no mínimo duas horas antes da passagem do caminhão de limpeza, para evitar que o saco seja aberto. “Desde que houve a retirada de catadores do aterro sanitário, alguns estão fuçando lixos que são deixados por populares em frente a suas casas. Além disso, cachorros, gatos ou pessoas que estejam passando por uma necessidade extrema, podem acabar revirando ele”, concluiu. (P.B)