Segundo dados do IBGE, os gastos com transporte superaram o gasto com a alimentação no orçamento das famílias brasileiras. O IPEA aponta que, desde 2016, 46% da força de trabalho sem ocupação se locomove de forma ativa (a pé), o que impede a busca por trabalho. A partir da pandemia, o setor tem operado com 30% a menos de passageiros. Entre os que utilizam o serviço, 20% são beneficiários de gratuidades. Atualmente o custo familiar com transporte supera o de gastos com alimentação.
Antigamente, o custo de uma empresa de transporte coletivo com combustível era de apenas 7%. Hoje esse valor já se encontra em 26,5%. O óleo diesel, entre 01/2020 e 09/2021 sofreram reajustes que somados chegam a 67%. E vai aumentar ainda mais neste mês de março de 2022. Começou a valer dia 11/03/22 o reajuste nos preços da gasolina, diesel e GLP (gás de cozinha) anunciado pela Petrobras. Os aumentos serão de R$ 0,61 na gasolina e de R$ 0,90 para o diesel, o que significa uma elevação de 18,8% e de 24,9%, respectivamente O aumento vale para as distribuidoras e o repasse depende de cada revendedor para chegar ao consumidor final.
Fome aumenta no Brasil nos últimos 2 anos
Mas o orçamento familiar não apertou somente com transporte público. No último ano, o Brasil enfrentou uma inflação acima dos 10% o que também aumentou e muito os custos com alimentação. O ano de 2022 começou com um cenário ainda pressionado e com números elevados. O IPCA fechou o mês de janeiro em 0,54%, o maior patamar para o mês desde 2016, impulsionado em especial pelo setor de alimentos. Até o momento, a projeção para este ano estava variando entre 5,5% e 6%. Porém, esta expectativa pode piorar em decorrência da guerra na Ucrânia.
O combate à fome que sempre esteve presente no cenário das políticas brasileiras, esse ano deverá ter mais atenção com tudo o que tem acontecido no Brasil e no mundo. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pensam), nestes últimos dois anos, a fome atingiu mais de nove milhões de pessoas. O levantamento mais recente indica que no total 19,1 milhões de cidadãos se enquadram neste perfil, ou 9% da população brasileira.
O estudo foi realizado em dezembro do ano passado em 2.180 domicílios das cinco regiões do Brasil, tanto em áreas urbanas como rurais. A entidade também concluiu que, com a pandemia da Covid-19, cerca de 116,8 milhões estão em algum grau de insegurança alimentar — leve, moderado ou grave.
Pensando em todo esse cenário, a criação desse comitê é uma união de forças para garantir o acesso a esses serviços essenciais para o brasileiro. Os primeiros encontros já têm data marcada. Começando no dia 07 de abril com a Conclat (Conferência da Classe Trabalhadora), prossegue com atividades no dia 13 (contra a fome e a carestia), 1º de Maio (Dia do Trabalhador) e dia 6 (pelo transporte social). Os eventos acontecerão em várias cidades ao mesmo tempo, para que juntos todos possam chegar a uma solução que garanta uma melhor qualidade de vida a todo o povo brasileiro.
Fonte: Estadão Conteúdo