🎉 69 ANOS DE MUNICÍPIO

'Gosto daqui, amo Caracaraí': histórias, cultura e avanço da Cidade Porto de RR

Conheça a história do município que completa 69 anos nesta segunda-feira (27)

Mirante da Orla de Caracaraí. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Mirante da Orla de Caracaraí. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Aos 27 de maio de 1955, o distrito de Caracaraí, ainda no Território do Rio Branco, foi elevado à município. Por isso, nesta segunda-feira (27), a Cidade Porto do atual estado de Roraima celebra 69 anos com histórias, uma cultura viva e a caminho dos avanços.

Voltando à década de 1940, a atual sede do município era sede de Boa Vista e Caracaraí era um distrito do povoado, que cresceu como ponto de descanso para os condutores de gado que saíam do antigo município de Moura, de terras pertencentes ao Amazonas. Em 1950, Caracaraí foi desmembrado de Boa Vista e constituído por três distritos: a sede, Boiaçu (que era chamado de Catrimani) e São José de Anauá.

Após a elevação a município em 55, Boiaçu e São José de Anauá foram anexados à Caracaraí pela Lei Federal n.º 7.009, de 1982.

Aspecto parcial da Vila de Caracaraí (RR) em 1954. (Foto: Biblioteca IBGE)

Principal porta de abastecimento de Roraima

Historicamente, Caracaraí foi conhecido como Cidade Porto, devido à sua importância como um centro de abastecimento para Roraima, especialmente em relação aos produtos derivados de petróleo. Na época, a principal atividade econômica era a produção de gado, que era transportado em batelões até Manaus. Esses batelões, ao retornarem, traziam suprimentos essenciais que abasteciam a região.

Conforme a secretária municipal de Ação Social e Cidadania, Meiry Dantas, hoje ainda é assim, uma vez que a cidade continua recebendo petróleo. “Caracaraí é a Cidade Porto porque todos os municípios, para ter acesso ao rio, passam por aqui e é daqui que [se] vai para o Amazonas. Durante o inverno, combustível e calcário vem através do rio, por isso a gente tem a balsa da Petrobras”, conta.

Meiry Dantas, secretária de Ação Social e Cidadania. (Foto: José Magno/FolhaBV)

Apesar de ser a porta fluvial do estado, a pesca é a atividade econômica que mais movimenta Caracaraí.

“A nossa pesca esportiva é feita pela Secretaria de Meio Ambiente. São empresas de grande porte que se cadastraram no município para operar no Água Boa, no Baixo Rio Branco. São hotéis flutuantes onde vem muito estrangeiro para pescar Matrinxã. Só que tem um período, porque eles [empresários] cuidam do local e respeitam a piracema. Então passam três ou quatro meses abrindo para os grupos virem pescar e depois fecham para a reprodução. Isso movimenta trabalhadores daqui e comunidades ribeirinhas”, explicou a secretária de Ação Social e Cidadania.

Cultura na folia e na religiosidade

Pela história econômica da cidade, o crescimento também aconteceu na folia com o Carnaval, que se tornou o melhor de Roraima ao longo dos quase 20 anos em que é realizado. Além do festival folclórico entre os grupos Gavião Carcará e Cobra Mariana, que deve retornar com a 11ª edição este ano após quatro anos sem realização.

“O nosso festival ele é sobre as lendas. São dois grupos folclóricos que defendem a sua lenda e isso movimenta a cidade. É mais ou menos 250 brincantes em cada agremiação, entre os que trabalham na alegoria, na montagem das estruturas, fantasias que tem que ser feito tudo aqui, conforme edital. Ainda vem artista de fora, de Parintins porque, queira ou não, tem semelhança com Parintins e Barcelos”,

comentou Meiry Dantas.

A fé católica também movimenta Caracaraí durante setembro. Isso porque a cidade é local do milagre do vaqueiro Bernardino José dos Santos, que foi chifrado por um touro em 1917 e, por intercessão de Nossa Senhora do Livramento, foi curado. “É uma padroeira que a gente crê muito. Quem é católico, a devoção é muito grande e há muitos anos vem gente de todo lugar do norte para celebrar”, detalhou a secretária.

“Gosto daqui, amo Caracaraí”

Diante de tudo isso, não é só a cultura e os caminhos pelo extremo norte que a Cidade Porto faz alguém querer morar nela. O acolhimento e a tranquilidade é o que ganha o coração de quem conhece. Moradora há mais de 40 anos de Caracaraí, a dona de casa, Eunice Medeiros, de 85 anos, veio de Manaus, no Amazonas, para acompanhar o marido nos trabalhos, mas de tanto viajar, foi no município que ela quis ficar.

“Eu vim em 1975 para Boa Vista, não tinha nada aqui, ainda estavam construindo o retorno do Garimpeiro. Depois de três anos foi que eu vim para Caracaraí. Meu pai é que dizia: ‘Eunice, tu é uma mulher viajada, porque quis ficar em Caracaraí?’, mas eu não sei, eu gostei daqui e por isso fiquei”,

contou a idosa, que aprendeu tudo sobre Caracaraí com outros moradores.
Eunice Medeiros, de 85 anos, é moradora de Caracaraí desde 1979. (Foto: José Magno/FolhaBV)

O mesmo foi relatado por Meiry, que é moradora da cidade há 22 anos. “Essa cidade é tranquila e as pessoas que vivem aqui cuidam uma das outras. Além disso, quem sai daqui, volta. E eu não quero ir embora daqui não, esse é meu lugarzinho até eu morrer. Amo Caracaraí”, comentou.

Avanço com empenho

Diane Coelho, prefeita de Caracaraí desde 2020. (Foto: José Magno/FolhaBV)

A frente da Prefeitura de Caracaraí, Diane Sampaio, afirmou que trabalha para retomar o que a cidade perdeu com o tempo. À FolhaBV, a prefeita destacou asfaltamento, iluminação, infraestrutura para lazer e educação, além de incentivos culturais, que contam com emendas parlamentares. No entanto, para o futuro da cidade, deseja que a população também ajude.

“Eu praticamente nasci em Caracaraí, estudei em todas as escolas aqui. Hoje está a frente da prefeitura pra mim é algo assim de extrema gratidão porque sei, lá de baixo, de todos os problemas que Caracaraí já enfrentou […] Mas quero que gente tenha de fato uma união geral. Para as coisas andarem é preciso que a gente entenda que a prefeitura não é minha, que a secretaria não tem dono. Eu prezo muito isso, a união de todos em prol de uma coisa que não é nossa e que é pra servir, é para população”, finalizou Diane.