AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
As aulas na rede estadual de ensino tiveram início no dia 30 de janeiro, porém somente no dia 20 do mês seguinte, a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) publicou assinatura de contrato com três empresas para eventual aquisição de produtos alimentícios para a merenda escolar dos mais de 72 mil alunos matriculados nas instituições de ensino.
Os extratos dos três contratos estão presentes no pregão eletrônico no 002/2019 e são parte do processo no 017101.000724/19-47. O extrato do contrato no 007/2020 possui o valor de R$ 1,1 milhão, o contrato de no 008/2020, é o que possui o menor valor, custando R$ 552 mil. Já o último contrato, de no 009/2020, é orçado em R$ 1,4 milhão. No total, o investimento feito pela Seed é de R$ 3,2 milhões, com saldo remanescente da ata do edital do pregão eletrônico.
Presidente da Comissão de Educação, Desportos e Lazer da Assembleia Legislativa de Roraima (Alerr), o deputado estadual Evangelista Siqueira (PT), por meio de nota, criticou o fato de a contratação ter sido realizada somente após o início das aulas e o classifica como um desrespeito com a educação.
“É um absurdo essa contratação que a secretaria de educação está fazendo para aquisição de alimentação escolar. Somente depois que o ano letivo está em andamento foi percebido que precisavam comprar a merenda. Isso demonstra que continua o caos nas escolas públicas”, declarou Siqueira.
O deputado continua sua fala pontuando que “a merenda é um item essencial para os alunos, sendo essa a única alimentação de muitos desses estudantes durante o dia, o que pode interferir no aprendizado’. Apesar de informar estar acompanhando os contratos, somente após o questionamento feito pela reportagem, a comissão afirmou que exigirá explicações da Secretaria de Educação sobre a situação.
“Queremos saber como estão fazendo pra manter a regularidade da alimentação nas escolas. Pelas informações que chegam dos pais e professores muitas escolas não tem nada a oferecer para as crianças na hora da merenda”, finalizou.
“Tem escola onde alunos comem arroz e ovo todos os dias”, diz Sinter
Integrante de conselho do sindicato disse que merenda é um problema em várias das escolas da rede pública (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
Diretora do departamento dos técnicos educacionais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) e integrante do Conselho de Merenda da representação sindical, Leonilde Lima Cavalcante, também criticou a data tardia para a contratação das três empresas para a aquisição de produtos alimentícios necessários para a merenda escolar e salientou que isso prejudica o andamento das atividades escolares.
“Nós sabemos que a merenda é um dos fatores importantes para que o aluno tenha um bom rendimento na instituição de ensino e se não houver a merenda temos a possibilidade de não termos todos os tempos de aula. Essa situação já foi apresentada por nós, do Sinter, e pontuamos que a pasta anda pecando muito nesse quesito. Nós temos conhecimento de que há escolas em que os alunos estão comendo somente arroz e ovos quase todo o dia”, afirmou Leonilde.
A diretora acredita que, para que os problemas que ocorrem em torno da merenda escolar sejam sanados, tem que ser feito um estudo normatizador levando em consideração a quantidade de alunos e de escolas.
“Deve-se calcular a merenda aluno por aluno, fazer o cardápio em todas as escolas, porque isso não é realidade em muitas instituições, deve-se dar estrutura aos técnicos em alimentação escolar para aplicar esse cardápio, entre outras questões a serem resolvidas”, explicou.
Secretaria diz que contratos tinham saldo remanescente
Por meio de nota enviada à reportagem, a Seed afirmou que os produtos referentes aos contratos n° 007/2020, 008/2020 e 009/2020 foram adquiridos mediante Ata de Registro de Preços, com validade até maio de 2020. Desta forma, como há saldo remanescente e a Ata está dentro da vigência, a Seed está adquirindo produtos para atender o ano letivo 2020.