Mais de duas semanas após a Justiça ter concedido liminar favorável à desocupação da área do Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafirr), localizada na zona rural de Boa Vista, a reintegração de posse ainda não foi efetuada. Questionada sobre o assunto, a administração estadual informou apenas que a liminar para a retirada de invasores de uma área localizada a cerca de quatro quilômetros da entrada do Mafir, na Vicinal Água Boa, já foi concedida a favor da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), a qual pertence o terreno ocupado irregularmente.
Conforme o Governo, após a decisão favorável, a Codesaima foi intimada a efetuar o pagamento das custas do oficial de Justiça, o que já foi feito, e agora está apenas pendente o cumprimento da decisão por parte do oficial de Justiça que será designado para o cumprimento da ordem liminar. O Estado, no entanto, não informou quando isso deverá ser concretizado.
A Folha apurou que, enquanto isso, os invasores estão desmatando o local, que fica em uma Área de Proteção Permanente (APP), e ergueram diversos barracos. A ocupação desta e de outra área, próxima ao Haras Cunhã Pucá, no Cantá, gerou uma série de denúncias para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Invasão de Terras da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) de que a ocupação do local teria fins eleitorais visando captação antecipada de votos para as eleições do próximo ano.
DIÁLOGO – À Folha, o presidente da Federação das Associações dos Moradores do Estado de Roraima (Famer), Faradilson Mesquita, disse que aguarda por uma audiência com o Governo do Estado para definir o caso.
“Estamos pedindo audiência com o presidente da Codesaima e entrei com um ofício junto ao governo para criarmos uma comissão para debater o assunto e estou aguardando a resposta”, disse.
Ele afirmou que sequer foi informado sobre a decisão da Justiça em relação à reintegração de posse da área. “Com relação à reintegração de posse, não foi oficializado nem para mim e nem para o advogado da Famer. Estamos aguardando a notificação”, informou.
Segundo ele, 12 mil pessoas ocuparam a área e a intenção é que o local se torne um loteamento. “Nós estamos esperando que o Governo possa criar um loteamento para atender a demanda dessas famílias. Temos um parecer da Comissão de Direitos Humanos que foi encaminhado ao gabinete da Casa Civil e estamos aguardando que o Governo se manifeste sobre isso”, frisou. (L.G.C)