O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acompanhado de comitiva que incluía o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, deixou Boa Vista nesse sábado (7) e entregou a promessa de que o Linhão de Tucuruí, obra considerada essencial para a autonomia energética de Roraima, será iniciada em maio deste ano.
O presidente chegou às 9h36 e veio a Roraima para um pouso técnico antes de seguir para os Estados Unidos, onde cumpre agenda com o presidente Donald Trump até esta terça-feira (10). Uma comitiva formada por ministros e autoridades brasileiras viajou com o presidente em dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Além da primeira dama, Michelle Bolsonaro, estavam presentes ainda o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Jorginho Mello (PL/SC) e Nelsinho Trad (PSD/MS). O evento foi organizado por Deilson Bolsonaro, que é amigo do presidente e não teve nenhum discurso de autoridade local. Apesar disso, estavam presentes na Base Aerea o governador Antonio Denarium (sem partido) e o senador Chico Rodrigues (Dem), além de outras autoridades locais.
Em evento no qual discursou para centenas de apoiadores na Base Aérea de Boa Vista, Bolsonaro falou pouco sobre o Linhão. “Teremos uma medida para terça-feira [10]. Não podemos ter um estado isolado, energicamente falando”, Coube ao ministro Bento Albuquerque a incumbência para fazer a promessa.
“Agora em março estamos terminando o Plano Básico Ambiental de Componente Indígena e depois disso teremos a licença de instalação, que deverá ser concedida em maio, e a partir daí iniciaremos a obra que é tão importante para o Estado”, avaliou o ministro que prevê ainda que 5 mil empregos podem ser gerados até a conclusão da obra.
DATA – Em fala à imprensa, após reunião com o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, no Palácio Senador Hélio Campos, o governador Antonio Denarium (sem partido) afirmou que convidou Bolsonaro para visitar Roraima no dia 7 de maio, data em que prevê a oficialização do início das obras.
“O Estado de Roraima é parceiro do presidente Bolsonaro e ele tem um grande carinho por Roraima. Nós o convidamos para estar aqui no dia 7 de maio, quando vai ter a reunião do conselho de administração da Suframa, e acreditamos que quando ele vier aqui, em uma visita oficial, vai ser anunciado o início das obras para o Linhão de Tucuruí”, disse o governador.
Parlamentares se dividem quanto à presença de Bolsonaro
A visita de Jair Bolsonaro dividiu parlamentares da bancada de Roraima. O senador Telmário Mota (PTB) criticou a visita e a falta de oportunidade dos parlamentares em falar sobre os problemas do Estado ao presidente.
“Lamentavelmente, o presidente Bolsonaro despreza os parlamentares de Roraima, que têm votado a favor do governo, confiando nas promessas que ele fez para o nosso povo. Após mais de um ano, ele volta a Roraima e afronta a bancada e o governo que o elegeu”, disse o senador em vídeo.
O deputado federal Nicoletti (PSL) minimizou a falta de oportunidade para fala de representantes estaduais e entende que Bolsonaro precisa prestar contas sobre o que é feito no estado pelo governo federal.
“O presidente tem contato direto com os parlamentares da bancada e já sabe sobre os problemas do estado. Não fazia sentido em uma visita rápida como foi, que ele ficasse ouvindo mais reclamações. Era preciso que ele prestasse contas, e foi isso que ele fez”, avaliou o parlamentar.
Linhão espera nove anos para ser concluído
A Linha de Transmissão Manaus-Boa Vista foi leiloada em 2011 e deveria ter entrado em operação comercial em 2015, mas a obra ainda não teve início. O empreendimento foi declarado de interesse nacional pelo governo federal em fevereiro deste ano, justamente para que o seu início fosse acelerado, porém o projeto ainda esbarra em etapas a serem vencidas.
Uma delas é o licenciamento ambiental. Dos 715 km de extensão da Linha de Transmissão, 123 km atravessariam a terra indígena Waimiri-Atroari. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o documento final, já apreciado pelos índios, foi entregue e protocolado no Ibama e Funai, e no dia 26 de janeiro, a topografia foi concluída. “São 253 torres que foram demarcadas com anuência dos índios, localizadas muito perto da rodovia para reduzir ao máximo, o desmatamento”.
O Linhão ainda passa por problemas contratuais. A Eletrobras tenta evitar a revogação do contrato de concessão da linha de transmissão que com uma possível retomada da obra pela Eletronorte. Isso significa, na prática, aceitar os termos colocados pela Aneel para reequilibrar o contrato, mas há resistência por parte da Alupar, parceira majoritária no empreendimento.
Caso não aconteçam novos atrasos nas obras, a ligação de Roraima com Sistema Interligado Nacional (SIN) deve ser concluída em 2022. Estima-se que o custo de conclusão da linha seja de R$ 1,6 bilhão.
Enquanto as usinas não ficarem prontas, Roraima segue sendo abastecida por termelétricas, desde que um apagão na Venezuela interrompeu o fornecimento de energia hidrelétrica vinda do país vizinho.