O governo federal projeta acabar definitivamente com o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami até o fim de setembro. A meta foi revelada pelo diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino, durante entrevista coletiva que também contou com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na tarde desta terça-feira (13), na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Boa Vista.
Segundo Tubino, o esforço interministerial de expulsão de garimpeiros e de inutilização dos equipamentos de apoio à mineração ilegal, coordenado pela casa criada em fevereiro, chegou a 1.275 ações nessa segunda-feira (12). Ele explicou que o garimpo não acabou ainda devido à dificuldade de acesso ao território indígena, que é realizado por aeronaves.
“Temos reduzido bastante o número de garimpeiros, mas há uma dinâmica muito grande no território. E a gente tá trabalhando pra ver se, num curto espaço de tempo, a gente consegue virar essa página do garimpo até pra poder as outras políticas do governo federal terem tranquilidade de serem introduzidas dentro do território, não só Saúde, como Educação e a própria produção de alimentos”, reforçou.
Diminuição de mortes de yanomami
Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou os números mais atualizados da crise humanitária yanomami, os do primeiro trimestre de 2024. Foram 74 óbitos de indígenas por motivos diversos, sendo os maiores agressões (18) e infecções respiratórias agudas (nove). O número geral representa queda de 33% em comparação ao mesmo período de janeiro a março de 2023. “Sem dúvida, são resultados do conjunto de ações do governo federal”, analisou Nísia Trindade.
Segundo a ministra, foi nesse cenário que foi possível reabrir os sete polos de saúde fechados pelo avanço do garimpo ilegal, diante da insegurança que as equipes de saúde enfrentavam anteriormente. Com isso, a Terra Yanomami passa a ter 37 polos abertos, alcançando mais 5.224 indígenas com acesso aos serviços.
“Temos muitos desafios. Há aumento de mortes por agressão. Temos foco especial na saúde infantil e também na questão do cuidado integral da gestante, enfrentar a mortalidade infantil. Importante nesse momento é reforçar que tivemos aumento nos profissionais de saúde, nos atendimentos e vamos continuar nessa missão de melhorar o atendimento da saúde, contando com a AgSUS (Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde), reforçando presença de profissionais de saúde na região”, destacou.
Em Boa Vista, a agenda de Nísia Trindade incluiu reuniões com coordenador do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y), Marcos Pellegrini, com equipes de assistência à saúde da Terra Yanomami, lideranças indígenas e ainda o acompanhamento da primeira teleconsulta feita em parceria com a UFRR (Universidade Federal de Roraima) a pacientes indígenas que não precisarão mais sair do território para buscar a saúde pública na capital Boa Vista.
“São 24 unidades [de teleconsulta] que vão permitir a gente avançar, principalmente, na atenção especializada. Porque a saúde indígena, especialmente, o seu foco é atenção primária à saúde, mas nós discutimos muito essa questão de que não é possível mais assim, pois precisamos ter um cuidado integral com”, explicou.
Segundo o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli, a instituição vai promover a capacitação nas residências de Saúde para possibilitar o cuidado dos indígenas por meio da teleconsulta. “A tendência é aperfeiçoar as especialidades que estavam vinculadas às residências. Vamos capacitar todas as residências para que possamos ofertar essa teleconsulta e apoiar as comunidades”, pontuou.