Após anunciar que encerraria o diálogo com os professores e que cumpriria a determinação judicial que declarou a greve ilegal, o Governo do Estado recuou da decisão e apresentou nova proposta que contemplaria os interesses da categoria na manhã de ontem, 17, para tentar pôr fim ao movimento, que completa 38 dias nesta sexta-feira.
Dentre as novas propostas apresentadas, estão o pagamento integral das progressões de 2015 e das atrasadas de 2008 a 2010, que seria feito até novembro deste ano, a correção imediata das inconsistências da Lei 892/2013 e o abono das faltas com a volta imediata ao trabalho, reposição das aulas perdidas e efetivação das demais propostas acordadas em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR).
Além disso, o governo manteve a proposta apresentada em reunião com líderes do movimento grevista no dia 24 de agosto, quando sugeriu realizar o pagamento das progressões horizontais, verticais e retroativas de 2011 a 2014, de forma parcelada, até 2017.
Apesar da retomada das negociações, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), Ornildo Roberto, afirmou que a greve só irá terminar após o atendimento dos pontos essenciais da pauta de reivindicações. “Faltam o enquadramento dos professores na Lei 892, o pagamento das progressões e incorporação da GID [Gratificação de Ensino à Docência] ao nosso salário. Caso o governo atenda esses pontos, a categoria vai reavaliar e tomar uma decisão sobre a greve”, disse.
Conforme ele, o governo só decidiu reabrir o diálogo com os grevistas depois de o sindicato ter protocolado cinco ofícios à Casa Civil buscando a volta das negociações. “Só depois de insistirmos foi que o governo apresentou nova proposta e sinalizou a reabertura das negociações que ele mesmo havia encerrado”, destacou.
O sindicalista informou que irá apresentar a proposta do governo para conhecimento da base grevista e posterior avaliação. “O que a base decidir, nós, enquanto gestores, vamos seguir. Iremos abrir uma discussão e fazer com que ela reveja as propostas e avalie se são boas ou não”, explicou.
Para o presidente do Sinter, o encerramento da paralisação dos professores indígenas, que voltaram às salas de aula esta semana após acordo com o governo, não deve enfraquecer o movimento. “Não podemos dizer que o nosso movimento de professores não indígenas perdeu força. Pelo contrário, temos demonstrado coesão e buscado defender os direitos dos trabalhadores”, afirmou.
Sem previsão para o término da greve, os professores sequer discutiram como farão para repor as aulas. “Não paramos para discutir a reposição das aulas, até porque não sabemos quanto tempo a greve vai durar. Entendemos que os únicos que não podem ser prejudicado são os alunos e, depois que buscarmos nossos direitos, vamos cumprir com nosso deveres”, frisou.
GOVERNO – Em nota, o governo informou que manteve as propostas que contemplam o interesse da categoria em respeito aos trabalhadores em educação e aos mais de 74 mil alunos da rede estadual, e que o assunto foi comunicado ao Sinter em ofício enviado nesta quarta-feira, 16, e que aguardará uma resposta do sindicato. (L.G.C)