Cotidiano

Greve dos professores da rede estadual de ensino começa hoje

Professores fizeram greve no início do ano e alegam que reivindicações ainda não foram atendidas pelo Governo do Estado

Pela segunda vez neste ano os professores da rede estadual de ensino entram em greve. Sobre o assunto, representantes do comando de greve do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), professores Érica Joyce e Reginaldo Carvalho, estiveram na manhã de ontem, 9, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, apresentado pelo radialista Getúlio Cruz, e reforçaram que a luta da categoria é justa.

“A greve foi deflagrada porque o Governo do Estado descumpriu vários pontos que foram negociados na greve de março para pôr fim ao ato naquele momento”, afirmou o professor Reginaldo Carvalho. Ele explicou que vários pontos centrais da greve anterior não foram cumpridos, dentre eles o pagamento das progressões, o enquadramento da categoria na Lei 892 (que trata do Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos profissionais da educação básica em Roraima), o pagamento dentro do mês trabalhado (no qual os professores devem receber até o último dia do mês pelo serviço prestado), entre outros.

Conforme explicou a professora Érica Joyce, após o término da greve no começo do ano, o Governo do Estado apenas publicou no Diário Oficial a listagem dos professores que irão receber as progressões, porém não realizou nenhum pagamento. “A atualização não pode acontecer sozinha. O governo apenas publicou a lista, mas isso não gerou efeito nenhum sobre os salários. E não temos mais como aceitar isso, porque nós estamos há mais de 20 anos lutando e governo nenhum nos valoriza”, relatou.

“Outro grande motivador da greve foi a sinalização do governo de revogar a Lei 892 e criar uma nova lei, mas nós não queremos uma nova lei porque nós já fomos assegurados na anterior. O que nós queremos é que ela passe a valer e suas diretrizes sejam aplicadas”, disse a professora.

De acordo com ela, a categoria acredita que “está havendo uma tentativa de retirada dos direitos dos professores”. “Não vamos parar porque queremos aumento de salário. Nós vamos parar porque queremos que o Governo cumpra com o que está estabelecido em lei e que tem sido ignorado”, ressaltou a Érica.

A mesma opinião é defendida pelo professor Reginaldo Carvalho. “Nós estamos parando por acreditar que não tem mais como continuar do jeito que está. Os professores são tratados de qualquer jeito, os problemas não foram resolvidos, como havia acordado judicialmente o Governo do Estado”, reforçou.  

Os professores também cobram o cumprimento da lei que assegura que o profissional possa trabalhar em um único período, considerando que a legislação beneficia aqueles que foram aprovados em dois concursos. Neste caso, segundo o governo, o educador deveria escolher apenas um cargo para exercer suas funções estatutárias. Reclamam ainda que alguns profissionais concluíram o curso de Doutorado e continuam sendo remunerados como graduados.

Reginaldo Carvalho relembrou que este ano os alunos da rede pública passaram quatro meses sem merenda escolar devido à “má organização do governo”. “Nós tivemos que ministrar aulas enquanto os alunos estavam com fome porque não tinham nada para comer, o que é um direito humano essencial”, afirmou, destacando que a reforma anunciada pelo governo nas escolas também não resolveu o problema. “São maquiagens. O que nós queremos é uma reforma de verdade nas unidades, que sofrem com o descaso. Queremos climatização porque tem épocas que os alunos assistem à aula em uma sala com quase 40º de temperatura. É humanamente impossível aprender e ensinar assim”, assegurou.

De acordo com os professores, a greve terá tempo indeterminado, sendo encerrada somente quando o governo decida por uma negociação que seja satisfatória à classe educadora. “Não aguentamos mais sermos enganados. Só encerraremos a greve quando tivermos medidas concretas”, concluiu a professora Érica Joyce.

TÉCNICOS – Os técnicos em infraestrutura escolar – secretários, vigias, zeladores, merendeiros e assistentes de aluno -, de ensino fundamental e médio, destacaram que as demandas que os professores enviaram à administração do Estado não representam os anseios da categoria deles. De acordo com eles, foi realizado um acordo com o Governo para que eles recebam uma gratificação pelas horas trabalhadas. “Acordo esse feito sem a presença do Sinter e entendido como uma tentativa do governo de enfraquecer e desarticular o movimento grevista”, frisou a professora Érica Joyce. (J.L)