Mesmo após a Justiça ter decretado anteontem, 18, que a greve deflagrada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) é ilegal e ter determinado multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão, o sindicato afirmou que a paralisação irá continuar.
O presidente do Sinter, Ornildo Roberto, explicou que a categoria já acionou o departamento jurídico do órgão sindical para que seja feito o início da defesa dos trabalhadores da Educação estadual. “Entendemos que a posição da Justiça se equivoca um pouco quando coloca que a Educação é serviço essencial”, disse.
Segundo alegou parte da mesa diretora do sindicato, o serviço da Educação tecnicamente não é considerado como necessário e, portanto, a manutenção de 30% dos servidores ativos não deveria ser uma exigência como acontece em outras áreas como as da Saúde e da Segurança Pública. Além disso, o sindicato argumentou que a justificativa não seria válida, considerando que algumas escolas ainda estão em funcionamento no Estado.
“Nossa assessoria irá trabalhar em cima disso na defesa da categoria, deixando claro que estamos dispostos a negociar com o Governo. Já propomos esta negociação ao procurador-geral do Estado, à secretária-chefe da Casa Civil e à própria secretária de Educação na noite de ontem [anteontem] sobre esta intenção”, relatou o presidente, acrescentando que a assessoria da governadora Suely Campos (PP) afirmou que iria receber o sindicato na semana que vem.
Ornildo Roberto contou ainda, que a mesa do Sinter demonstrou ao Governo sua disposição em conversar com a gestão sobre o tema o quanto antes. “Assim, todos teremos mais tempo para buscar um entendimento na solução destes problemas. Enquanto a governadora não abrir as negociações, os trabalhadores da Educação continuam na Praça [do Centro Cívico] com o movimento e na tendência de aumentá-lo ainda mais. Estamos defendendo o direito dos nossos trabalhadores, coisa que esse Estado não tem garantido nos últimos anos”, concluiu.
GOVERNO – Em entrevista à Folha, a secretária estadual de Educação, Selma Mulinari, afirmou que o Governo do Estado pretende continuar aberto ao diálogo: “Nós estamos esperando que haja esse contato formal para que possamos manter o diálogo”, disse.
Ainda assim, o Governo do Estado afirmou em nota que, para que haja uma retomada de negociações com o Sinter, é preciso que o órgão sindical cumpra primeiro a ordem judicial que determina o retorno imediato dos professores às salas de aula.
Mencionou ainda a decisão do Sinter em não aceitar homologação de acordo na Justiça como “intransigente”, mesmo que o Governo tenha proposto a solução aos 39 itens da pauta. “O Governo do Estado conclama aos professores a retomarem as aulas e reafirma o compromisso de avançar no atendimento dos direitos dos Trabalhadores em Educação”, finalizou. (JPP)