Um grupo de 18 senhores venezuelanos maiores de 60 anos participou de uma ação de interiorização para o Rio de Janeiro. A iniciativa é uma nova da estratégia conduzida pelo governo federal e apoiada pelo ACNUR, outras agências da ONU e organizações da sociedade civil.
A iniciativa se concretizou por meio de uma parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Secretaria Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu, com o apoio da Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (parceira do ACNUR), além de outros grupos e entidades locais. Pela primeira, um município no Brasil se compromete a acolher um grupo específico de refugiados idosos, que requer atenção especial de proteção.
“Se cada um dos 5 mil municípios brasileiros recebesse pequenos grupos de pessoas venezuelanas, minimizaríamos o impacto deste fluxo humanitário no Brasil. Essa iniciativa pode e deve ser replicada por outros municípios, porque há redes locais com plena capacidade de apoiar essas pessoas”, disse Rogério Lisboa, Prefeito de Nova Iguaçu.
Os idosos foram recebidos no abrigo municipal preparado especialmente para pessoas refugiadas e migrantes da terceira idade. As pessoas idosas que chegaram em Nova Iguaçu, em alguns casos, esperaram há dois anos em Boa Vista para serem interiorizadas. Por se tratar de um grupo com necessidades protetivas específicas, o processo interiorização de refugiados da terceira idade é um dos mais desafiadores, exigindo planejamento e estrutura muito particulares para o acolhimento e integração dessas pessoas – uma rede de assistência de Saúde próxima ao local de abrigo, por exemplo, além da dificuldade de inserção dos idosos ao mercado de trabalho, dentre outros obstáculos.
“O ACNUR segue apoiando a interiorização promovida pela Operação Acolhida desde Boa Vista para mais de 600 cidades no Brasil. A iniciativa da prefeitura de Nova Iguaçu é exemplar pelo impacto positivo gerado na vida dessas pessoas idosas que requerem atenção especial. O ACNUR equipou o abrigo municipal provendo uma série de materiais para melhor acolher essa população que vive uma delicada situação em termos econômicos, sociais e de saúde”, disse o Representante do ACNUR, Jose Egas.
Jesus Conceição Romero, de 78 anos, atravessou sozinho a fronteira Venezuela/Brasil, e desde o momento em que chegou em Boa Vista procurava formas de ser interiorizado para poder trazer também sua família. “Tentei várias organizações, mas todos diziam que não tinha interiorização para pessoas com mais idade”, lembra Jesus. Ele passou dois anos em Roraima, na esperança de um dia poder participar do programa federal de realocação voluntária.
“Estou tranquilo para viajar, vou matar a saudade de quando viajava de Caracas para todos os lugares na Venezuela. Mas estou mais feliz, porque esse voo está nos levando para uma nova vida. Quero trabalhar e poder trazer minha família para perto”, disse Jesus.