Ao som do berimbau, palmas, cantos e lutas, diversos grupos de capoeira pediram apoio da Assembleia Legislativa de Roraima para elaboração de políticas públicas voltadas à valorização desta expressão cultural. As demandas da categoria foram expostas à Comissão de Educação, Cultura, Lazer e Desportos, em audiência pública realizada no plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas, nesta segunda-feira (25), com o tema “Capoeira: Direitos, Garantias e Cidadania”.
A vice-presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), adiantou que tramitam na Assembleia Legislativa de Roraima dois projetos de decreto legislativos, um para reconhecimento da Federação Roraimense de Capoeira como utilidade pública e o outro para entrega da comenda “Orgulho de Roraima” a 11 professores, mestres e/ou contramestres de capoeira.
Quanto às demandas, a parlamentar explicou que após a audiência pública, a comissão aguarda a apresentação de um documento formalizando as reivindicações. “Nós iremos apoiar as demandas que eles apresentarem que é sobre o incentivo, benefícios e como viabilizar isso em editais aqui em Roraima”.
A audiência foi conduzida pelas deputadas Lenir Rodrigues e Tayla Peres (PRTB). Participaram do evento mais de 20 representantes de grupos de capoeira, de instituições de ensino, órgãos de cultura e conselhos.
Três principais reivindicações foram apresentadas pelo presidente da Federação Roraimense de Capoeira e coordenador do Instituto Biriba, Jefferson Dias. A primeira busca a inserção da expressão cultural nas escolas; a segunda, para valorização do profissional da capoeira em Roraima; e a última, para cessão de espaços para realização de aulas durante todo o ano.
Segundo ele, por muitos grupos usarem praças ou espaços públicos abertos, as aulas são suspensas no período chuvoso. “A capoeira envolve, diretamente, 20 mil pessoas em todo o Estado. Muitos destes profissionais ministram aula de graça. Eles trabalham o dia todo em outros lugares para manterem projetos sociais. Precisamos de valorização”, ressaltou Jefferson Dias.
O coordenador do Grupo Centro de Capoeira da Universidade Federal de Roraima, Márcio Akira, falou sobre a história cultural e social da capoeira e ressaltou a necessidade de se valorizar quem faz este trabalho em Roraima. “A minoria ganha dinheiro com a capoeira. Como vamos gerar a sustentabilidade? Temos que nos unir, separados não chegaremos a lugar nenhum”.
Com a presença masculina marcante, a mulher ainda luta para ter mais espaço nas rodas de capoeira. A coordenadora do grupo Gingado Capoeira, Jaksineide Uchoa, pediu mais apoio e empenho das mulheres para marcarem mais espaços. “A capoeira é muito masculina, geralmente temos poucas oportunidades e uma representante feminina é muito importante”.
O diretor do Caps/AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas) e presidente da Federação Roraimense das Casas Terapêuticas, Nilton de Souza, falou da parceria com a Federação Roraimense para usar a capoeira na recuperação de pessoas. “A capoeira é um instrumento maravilhoso. Através da roda de capoeira podemos tirar criança, jovem e adolescente, que está sendo recrutado pelas facções. As crianças são alvos fáceis e através da capoeira queremos resgatar essas crianças”, disse.