Cotidiano

Hemocentro busca mais doadores de medula

Somente 657 pessoas voluntárias foram cadastradas até agora como doadoras, restando ainda 948 cadastros a serem feitos

O Hemocentro de Roraima (Hemoraima) está intensificando as parcerias para ampliar o número de doadores de medula óssea. Instituições como o Corpo de Bombeiros, as Forças Armadas e estabelecimentos de ensino superior têm sido acionadas como parceiras. Até o ano passado, o Estado podia cadastrar até 370 doadores anuais no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), limite que foi ampliado para 1.605 neste ano. No entanto, até este mês, somente 657 pessoas foram cadastradas, restando 948 cadastros a serem feitos.
O Redome é um sistema criado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para registrar as informações de possíveis doadores de medula óssea. Para tentar garantir que o cadastro adquira uma maior representatividade da diversidade genética do País, o Governo Federal criou cotas para o cadastro de novos doadores em cada estado.
Segundo a coordenadora de Captação do Hemocentro, Terezinha de Jesus Khan, a unidade tem acionado diversas instituições para a realização de uma parceria para cadastro e coleta de amostra para o Redome. O Hemocentro está disponível caso haja interesse de outras instituições em firmarem parcerias.
Nestes casos, é agendada uma data para que os técnicos da unidade realizem os cadastros e as coletas de amostras. “Estas parcerias são fundamentais para que a gente abranja o limite que foi disponibilizado para o Estado. Quanto mais pessoas se cadastrarem, mais chances uma pessoa doente tem de encontrar um doador compatível em todo o País”, disse.
Para a próxima semana, será realizada uma ação de coleta entre servidores da Universidade Federal de Roraima (UFRR), onde a expectativa é fazer 700 novos cadastros. Está previsto ainda um dia de coletas junto a policiais militares do Grupamento Independente Intervenção Rápida Ostensiva (Giro). Além disso, os profissionais da instituição têm sempre realizado abordagens àqueles que procuram o Hemocentro para doar sangue, para que já se cadastrem no Redome.
Voluntários precisam ter entre 18 e 55 anos de idade
Para fazer parte do Redome é preciso ter entre 18 e 55 anos, não possuir diagnóstico de doenças infectocontagiosas e fazer uma coleta de 5 ml de sangue, que será analisada em Goiânia (GO). O exame de histocompatibilidade (HLA) vai encontrar as características genéticas do sangue, o que torna possível identificar receptores.
O cadastro não implica, necessariamente, efetuar a doação da medula óssea. Caso haja uma compatibilidade, a pessoa será consultada e poderá tomar essa decisão. Os esclarecimentos são feitos e todos os custos, até o centro especializado neste tipo de coleta, são de responsabilidade do Redome.
A retirada de sangue é simples, fácil e não dói. Quanto mais pessoas doadoras, mais chances de conseguir pessoas compatíveis. Como no Brasil o grau de miscigenação da população é muito grande, as chances de encontrar uma medula compatível no registro brasileiro são, em média, 1 para 100 mil. Para aparentado pode chegar de 25 a 35%.
Tire as dúvidas sobre o transplante
1. O que é medula óssea? Medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, chamado popularmente de ‘tutano’. Neste tecido são produzidos os componentes do sangue: os glóbulos vermelhos (hemácias), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas.
2. O que é transplante de medula óssea? É a retirada de uma pequena quantidade de medula óssea de um doador que seja compatível com o indivíduo que necessita do transplante. Em geral, quando alguns tipos de doenças malignas atingem as células do sangue, o tratamento mais adequado é o transplante de medula. O objetivo é reconstituir as funções da medula óssea de uma pessoa doente por células normais de medula óssea retiradas de um doador saudável.
3. Como as células-tronco são coletadas do doador? Podem ser obtidas de três fontes:
– Cordão umbilical: o sangue é coletado logo após o parto; – Medula óssea: O volume coletado depende do peso do doador e da pessoa que irá receber o transplante. Para pessoas adultas, a quantia retirada é, em média, um litro de medula. A coleta é feita por meio de um procedimento cirúrgico sob anestesia, com múltiplas punções aspirativas no osso da bacia; – Sangue periférico: Outra forma de coleta é através do sangue. O doador recebe injeções diárias, este medicamento fará com que aumente o número das células-tronco e faz com que parte delas migre dos ossos para o sangue. A partir daí, é só fazer a coleta através de uma máquina apropriada. O procedimento dura de duas a três horas e não necessita de anestesia.
4. Quais os riscos da doação? O procedimento de coleta das células-tronco da medula óssea não costuma oferecer riscos ao doador, porém, podem ocorrer complicações devido ao uso da anestesia. Pode haver também dor local, mas ela é facilmente controlada com analgésicos comuns. Uma terceira consequência pode ser a anemia, relacionada ao volume retirado, mas que em geral é leve e de fácil controle.
5. Como se cadastrar como doador? Quem deseja se cadastrar como doador de medula deve procurar um hemocentro ou um de seus núcleos ou unidades de hemoterapia. Neste local, você será orientado e poderá tirar suas dúvidas. Após o cadastro de seus dados (nome, filiação, etnia, endereço, entre outros), será coletada uma amostra de seu sangue para a realização da tipagem de seus glóbulos brancos (tipagem HLA).
6. Posso me cadastrar como doador apenas para um paciente específico? Não! Diferente do que acontece com a doação de sangue, em que você pode doar especificamente para um paciente, a doação de medula não funciona assim. O REDOME é um registro brasileiro de doadores não-aparentados para beneficiar pacientes de qualquer lugar do mundo. São mais de três milhões de doadores cadastrados.
7. Já sou cadastrado. Posso desistir da doação? Sim, você pode desistir da doação a qualquer momento. Não se esqueça: depois que o paciente receptor da medula passou a ser preparado para receber o transplante, ou seja, está recebendo altas doses de quimioterápicos, a sua recusa em doar provavelmente resultará na morte dele. Isso pode acontecer porque não haveria tempo suficiente para localizar outro doador compatível. A decisão de doar tem de ser bem pensada. Os órgãos competentes recomendam que os candidatos à doação de medula óssea se tornem, antes, doadores de sangue, que, além de ser muito útil à sociedade, é uma maneira de torná-los mais familiarizados com os procedimentos de doação de material biológico (o sangue) e contribuir para que se perca o medo de doar a medula óssea.
8. Posso saber para quem doarei as células? Não! É obrigatório manter o sigilo da identidade do doador e do receptor. Você poderá receber notícias do andamento do transplante e das condições clínicas de quem recebeu a sua medula, preservado o anonimato de ambos. Você também pode doar mais de uma vez, para o mesmo receptor ou para pessoas diferentes.
Fonte: ConsultaClick