Já faz meses que o Hemocentro do Estado de Roraima não consegue suprir as demandas por sangue em hospitais públicos do estado. A situação é tão crítica, que virou a principal pauta de discussão na Semana do Doador, iniciada nesta segunda-feira, 26. A programação dos próximos dias reúne uma série de atividades, como momento musical, panfletagem e massagem, para incentivar a doação.
A assistente social do setor de captação de doadores do Hemoraima, Edna Félix, comentou que a semana do doador, mais do que em anos anteriores, serve como um grito por ajuda em meio a esse cenário crítico da saúde estadual, e frisou que estoques de todos os tipos de sangue estão em baixa.
“O estoque do Hemocentro está com baixa há meses. Para se ter uma noção, precisamos de todos os tipos sanguíneos. Todos estão em falta, e não atendem as demandas do HGR. É claro que sempre gostamos de incentivar ainda mais as pessoas com tipagens negativas, como o O-, que é doador universal”, afirmou.
Edna frisou que é de suma importância existir um estoque que seja preventivo, ou seja, já pronto para ser utilizado em caso de fatalidades futuras, para pronto-atendimento, devido ao tempo necessário para fazer análise sanguínea após doação.
“Imagina uma situação em que alguém sofra um acidente e um familiar se oferece para doar sangue. Infelizmente, para o sangue do parente ser passado ao acidentado, é necessário esperar 48 horas, pois o sangue é levado para Manaus para ser analisado em laboratório de lá, e, após eles darem o ‘ok’, ele retorna. Por isso, para nós, é importantíssimo haver estoques de prevenção, para evitar fatalidades que possam ocorrer com pessoas que podem não ter condições de aguardar dois dias”, explicou.
Luciene Marques, coordenadora regional da Organização Não Governamental Embaixada Mundial de Ativistas pela Paz, que apoia a campanha desde 2013, contou que a movimentação de pessoas no Hemocentro continua fraca, por isso a semana é voltada ao alerta geral de todos para esse problema.
“Queremos agradecer a quem está vindo doar sangue. Essas pessoas são heróis, ainda mais em um momento como esse. A vinda de pessoas ao hemocentro está sendo fraca, e queremos com a campanha ajudar a impulsionar esse ato de amor ao próximo, pois todo o sistema de saúde pública do estado depende disso”, frisou.
A doadora de sangue Anghelis Rivero, conta que se mudou da Venezuela para o Brasil há 11 meses, e que veio ao hemocentro para fazer sua primeira doação sanguínea em Roraima.
“É uma experiência muito bonita, não tenho palavras para descrever o quão forte é você sentir que está ajudando outras pessoas a não perderem a vida. É um ato que salva o próximo, e ainda faz você refletir mais quanto à qualidade de sua vida. Eu convido todos, seja brasileiro, venezuelano, cubano, guianense ou haitiano, para virem doar. Afinal, nós não vemos nacionalidades aqui, mas sim pessoas”, contou.
COMO DOAR – O candidato a doador de sangue precisa ter mais de 50 kg e não deve estar em jejum no dia da doação, mas é preciso evitar a ingestão de alimentos gordurosos até 2h antes da coleta. O adolescente a partir de 16 anos de idade, acompanhado pelos pais ou responsável legal, também pode ser um doador de sangue. Para quem já é doador assíduo, a idade permitida é até 69 anos.