Cotidiano

Hemoraima também trabalha com coleta de medula óssea

Voluntários devem estar comprometidos com a doação; desistências são comuns e frustram pacientes

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O Hemocentro de Roraima (Hemoraima), além de trabalhar com a coleta de sangue, também faz campanha para atrair doadores de medula óssea. O serviço é oferecido há cinco anos e cerca de cinco mil pessoas já se submeteram ao exame, mas apenas 15 realmente doaram.

De acordo com o gerente da Coleta de Sangue do Hemoraima, Isaías Magalhães, muitas pessoas desistem de doar por medo de se submeter à cirurgia e porque, em muitos casos, é preciso se deslocar para outro lugar do País. Mas a situação acaba gerando frustração nas famílias dos pacientes.

“Uma vez que a pessoa se cadastra, é preciso estar decidida a doar efetivamente. Porque, tendo sido testada e encontrada a compatibilidade com um paciente, é um trauma muito grande para a família saber que um possível doador, que poderia ser a salvação, desistiu por medo, por estar ocupado ou qualquer outra coisa. É uma responsabilidade muito grande se cadastrar”, declarou Magalhães.

O exame é realizado duas vezes. A primeira é quando uma pessoa se cadastra e a segunda, ao se encontrar compatibilidade. A primeira coleta é enviada para um laboratório que realiza os testes e verifica se doador e paciente são compatíveis. Após esta fase, se houver compatibilidade, o possível doador é contatado e explicada a forma como o procedimento será feito, em qual cidade e se existe o real interesse em doar.

“A estatística é de um para cada 100 mil, ou seja, a cada 100 mil testagens é possível encontrar alguém compatível. A maior chance de compatibilidade é entre parentes o mais próximo possível”, explicou Magalhães.

A coleta é incentivada no Norte devido à miscigenação existente na região, diferentemente do Sul do País, em que as coletas de medula são menos incentivas por sempre ser encontrado o mesmo padrão.

“Fazemos campanha aqui dentro do hemocentro com quem já vem doar sangue, em shoppings, igrejas, empresas e órgãos públicos. Vamos com uma equipe e cadastramos o possível doador no local e coletamos amostra”, disse Magalhães sobre as estratégias de divulgação do serviço.

O motorista Fábio Martins doa sangue há 21 anos. Aos 18, começou a doar porque era uma forma de fazer os exames de sangue para servir o Exército e, desde então, não parou mais. Ele também é cadastrado no banco de doadores de medula, já conhecia o serviço, mas acredita que precisa ter mais visibilidade.

“Eu vejo que precisa ser mais divulgado. Muita gente que é doadora não conhece essa particularidade do hemocentro. É preciso ser mais trabalhado, porque conseguiriam coletar uma quantidade de amostras muito maior e salvar muito mais vidas”, disse Martins.

Hemocentro pede doações de sangue

O mês de janeiro costuma ser atípico em hemocentros. O estoque baixa muito em virtude do período de recesso e das festas tradicionais de fim de ano. O do Hemoraima está registrando queda significativa desde dezembro de 2018.

“O número de doadores vem caindo diariamente. Nós temos uma expectativa de coletar, pelo menos, 50 bolsas por dia e estamos alcançando, no máximo, 30, e isto impactou o nosso estoque. Coincidiu também de ter o início das cirurgias eletivas e termos uma demanda maior”, explicou Isaías Magalhães.

A maior preocupação para Magalhães é o estoque de sangue O negativo, que está muito baixo. Na quinta-feira, 18, havia apenas uma bolsa do tipo. A meta é que tenha sempre 20.

Para doar é preciso estar enquadrado em uma lista de exigências, como estar bem de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar pelo menos 50 quilos, não ter ingerido bebida alcoólica 12 horas antes da doação nem ter fumado nas últimas duas horas, apresentar documentos de identificação, ser sincero com as respostas, entre outras informações especificas em relação à saúde. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 2121-0883. (F.A)