Após dois longos meses de interdição, o Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) vão voltar a realizar cirurgias eletivas. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada pelo Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) na manhã desta sexta-feira, 4.
As cirurgias nas duas unidades haviam sido suspensas em razão de várias denúncias da população e reportagens produzidas pelos veículos de comunicação local. Após uma fiscalização, os conselheiros do órgão constataram problemas graves, entre eles a falta de medicamentos e materiais básicos, itens considerados essenciais para o atendimento de urgência e emergência dos pacientes.
“A situação era de caos extremo, pois os médicos e os acompanhantes estavam tendo que comprar esses itens mais básicos para garantir a realização do atendimento. Diante disso, nós realizamos uma fiscalização nas duas unidades, fizemos uma plenária com os 40 conselheiros do CRM e a decisão de interditar a Maternidade e o HGR foi unânimo. A intenção dessa medida foi no sentido de dar a segurança ao profissional e ao paciente no ato médico, e também assegurar que a emergência pudesse ter o mínimo de condições para o atendimento”, destacou a presidente do CRM, Dra Rosa Leão.
Além de Rosa, a coletiva de imprensa contou com a participação da vice-presidente e coordenadora de fiscalização do órgão, Dra Blenda Avelino; do titular da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Dr Ailton Wanderley; e do diretor do HGR, Dr Roger Caleffi.
Rosa destacou na entrevista que o CRM vem realizando acompanhamento da situação da saúde pública com bastante frequência, notando uma piora na prestação de serviços nos últimos quatro anos, agravados principalmente pela questão do desabastecimento de itens básicos.
“Nesse período nós questionamos alguns secretários, questionamos o Ministério Público, a Dra Jeane [Sampaio] por várias vezes entrou com ação pública e nada foi resolvido, o que culminou com o caos total. Por isso, a decisão de interditar as duas unidades para as cirurgias eletivas”, completou.
Presidente do CRM-RR, Dra Rosa Leal, com o secretário da Sesau, Dr Airton Wanderley (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
Para o secretário da Sesau, Ailton Wanderley, a derrubada da medida de intervenção ética duas unidades trará alívio para população, uma vez que 400 pessoas deixaram de ser atendidas em razão do problema.
“Antes mesmo de assumir, a nossa gestão já estava verificando junto às empresas as questões relacionadas a pagamento, uma vez que muitas alegavam prejuízos, pois o governo anterior não estava pagando com frequência, nós conseguimos um entendimento e elas já estão entregando os materiais essenciais para o atendimento. Esperamos regularizar 100% a questão do abastecimento dessas unidades e que as cirurgias possam acontecer com relativa tranquilidade”, salientou
A reportagem também questionou o secretário sobre os efeitos do decreto de calamidade financeira, assinado essa semana pelo governador Antônio Denarium (PSL). Sobre isso, Wanderley assegurou a medida não afetará em nada os serviços essenciais que são prestados pelas empresas que possuem contrato com o Governo.
“Os contratos de prestação de serviços essenciais ficam mantidos. As unidades precisam ter alimentação, limpeza e materiais básicos garantidos e nós teremos muita responsabilidade na condução desses processos”, pontuou.
A matéria completa você confere na Folha Impressa deste sábado, 5.