Cotidiano

Hidrantes não têm pressão para funcionar

Em caso de incêndios de grandes proporções, a maioria dos hidrantes pode retardar ações dos bombeiros

Mais de um ano depois de ter executado um projeto de modernização da rede de saneamento básico de Boa Vista, um fato vem preocupando empresários e a população da Capital: a falta de pressão da água nos hidrantes, para auxiliar os bombeiros em caso de incêndios.
Sobre o assunto, a Folha conversou com um especialista da área, que pediu para não ser identificado. Ele afirmou que a Capital dispõe de apenas 23 hidrantes, espalhados pelas principais ruas e avenidas, mas apenas dois deles estariam com a pressão suficiente para abastecer os carros pipa do Corpo de Bombeiros, mas mesmo assim de forma precária.  
Um deles fica na esquina da avenida Glaycon de Paiva, com a rua Terêncio Lima, no Centro, onde funcionava a primeira sede do Corpo de Bombeiros. O outro está localizado no bairro Cambará, zona Oeste, abaixo da caixa d’água da Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima).  
Os outros, inclusive, no Aeroporto Internacional de Boa Vista, Palácio do Governo e no Centro Comercial das avenidas Jaime Brasil e Sebastião Diniz, não funcionam. Na avenida Ataíde Teive, hoje um centro comercial da zona Oeste, não há nenhum. “Muitos hidrantes não têm ligação na rede e os que têm, não apresentam pressão suficiente para atender a uma emergência do Corpo de Bombeiros. O sistema de hidrantes de Boa Vista tem que ser revisto urgentemente”, afirmou o especialista.
Ao frisar que a competência de manutenção dos hidrantes é da Caer, ele disse que a pressão caiu depois que a empresa executou o projeto de troca da rede hidráulica de Boa Vista, há mais de um ano. “Quando foram fazer o projeto, a Caer foi obrigada a submetê-lo à apreciação do Corpo de Bombeiros. Então foi exigida a correta instalação dos hidrantes existentes e mais o redirecionamento de, pelo menos, mais 20 deles nas avenidas comerciais, como Ataíde Teive e Mário Homem de Melo. Mas, ao contrário, a Caer cortou os hidrantes da rede e alguns que ficaram ligados estão sem pressão, por terem continuado numa rede hidráulica secundária”, frisou.
O especialista chama a atenção para a dificuldade que o Corpo de Bombeiros tem em realizar seu trabalho em um momento crucial sem o auxílio do hidrante. E fez alerta para possíveis situações emergenciais. “Boa Vista cresceu, mas a instalação de hidrantes não acompanhou esse crescimento. E o pior é que, sem pressão, os carros pipa demoram mais para abastecer e voltar ao local da emergência”.
Para abastecer um caminhão pipa de 5 mil litros, o tempo médio é de 5 minutos, se o hidrante estiver na pressão correta, e de aproximadamente 30 minutos, se não tiver pressão. “Esse tempo perdido é crucial para se salvar vidas e bens. Não se pode continuar assim”, frisou. 
CAER – A Folha manteve contato com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado que, em nota, informou que a Companhia de Águas e Esgotos está realizando levantamentos de todos os problemas deixados pela gestão anterior e que, como parte destas ações, fez um levantamento prévio que apontou a existência de 24 hidrantes distribuídos pela Capital.
Obedecendo a uma escala de prioridades, a estatal vai acionar o Corpo de Bombeiros para fazer os testes necessários e verificar quantos equipamentos precisam de manutenção para, a partir desse relatório, providenciar os reparos devidos, além de verificar a necessidade de implantar mais equipamentos. (R.R)