Enquanto aguarda processo de tombamento para tornar-se patrimônio histórico do Brasil, o Conjunto Arquitetônico da Fazenda São Marcos, na Terra Indígena São Marcos, localizada na região Norte de Roraima, está em condições precárias. Tombada pelo Estado, a estrutura centenária resiste às ações do tempo.
Turistas que visitam a Fazenda relataram à Folha sobre a situação de abandono do local. “A estrutura está toda abandonada, nem parece o paraíso que foi um dia. É uma região que foi demarcada, são fazendas centenárias que deveriam fazer parte do patrimônio histórico, pelo menos para os prédios serem conservados”, disse um dos visitantes, que preferiu não se identificar.
O Conjunto Arquitetônico da Fazenda São Marcos é um dos patrimônios que está em processo de tombamento na Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e em fase de construção de seu inventário, obedecendo as diretrizes do Decreto-Lei número 25, de 30 de novembro de 1937.
Segundo a superintendente interina do órgão, Lady Amorim, o processo de tombamento está em fase de avaliação. “Está sendo feito um estudo e levantamento, que são submetidos ao Conselho para saber se o local tem valor histórico a nível federal ou não”, disse.
A superintendente lembrou que, em 2014, o Iphan realizou uma obra de escoramento emergencial, pois a Fazenda já se encontrava em estado de arruinamento. “Naquela época gastamos R$ 90 mil para fazer a consolidação da estrutura, porque os telhados e as paredes estavam caindo”, frisou.
Conforme ela, como não está sob a proteção do Iphan, não há como investir na restauração da estrutura. “Não podemos mais investir recursos num bem que não é nosso. Hoje está nessa situação de abandono, mas não temos condições de fazer nada. O Estado é quem deveria ser responsável por fazer a manutenção e limpeza do local”, afirmou.
FAZENDA – A Fazenda nacional São Marcos foi criada logo após a fundação do Forte São Joaquim, em 1775, com a finalidade de prover de produtos alimentícios à cidade de Manaus. A fazenda se insere ainda no contexto de colonização do Rio Branco e de disputa por fronteiras nacionais.
GOVERNO – A Secretaria Estadual de Cultura (Secult) esclarece que a Fazenda São Marcos é Patrimônio Nacional. Antes era Fazenda Nacional do Rei, depois passou para responsabilidade do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e hoje, pertence à Fundação Nacional do Índio (Funai). Esclareceu ainda que embora o local seja também tombado pelo Estado de Roraima, a responsabilidade pelo local não é do Governo de Roraima.
FUNAI – A Folha tentou entrar em contato com a Funai, para saber de quem é a responsabilidade pela manutenção da Fazenda São Marcos, mas até o fechamento desta matéria, às 15h de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)