Hoje, 29 de agosto, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. A data foi instituída por meio da lei nº 7488, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta, sendo considerado, um problema de saúde pública.
Estima-se que aproximadamente de 200 mil pessoas morram todo ano no País em decorrência do fumo. Em todo o mundo, esse valor salta para cerca de 4,9 milhões.
O cigarro, assim como outros derivados do tabaco, não possui uma quantidade segura de consumo. Somente na fumaça desse produto podem ser encontradas mais de 4.700 substâncias tóxicas, algumas inclusive cancerígenas.
“O tabagismo gera vários efeitos na saúde das pessoas. Alguns especialistas afirmam que todo fumante vai desenvolver algum tipo de doença, sendo a mais conhecida delas o câncer de pulmão. Além deste, temos ainda os problemas cerebrovasculares e coronários, que são caracterizados pelo entupimento de artérias; o envelhecimento precoce e outros problemas que podem afetar a saúde do ser humano a pequeno, médio e longo prazo”, afirmou médico cardiologista Emanuel Licarião.
O especialista explicou ainda, que dentre as doenças mais comuns em pacientes fumantes estão o enfisema pulmonar, derrame, câncer de pulmão e de laringe, infarto do miocárdio, entre outros. Até mesmo pessoas não fumantes podem desenvolver problemas por conta da exposição ao fumo.
“Estima-se que 90% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão apresentem como fator responsável o fumo, sendo importante destacar que as chances de cura para essa doença são bastante baixas. Temos ainda outra preocupação, que são os chamados fumantes passivos. Só o simples fato de estar inalando aquela fumaça, uma quantidade razoável de substâncias tóxicas será absorvida pelo organismo, facilitando assim o surgimento dos mesmos tipos doenças, que dependendo do tempo de exposição, podem ser fatais”, destacou.
Para Licarião, as campanhas de conscientização, aliadas à vontade do paciente, são vitais para a melhora na qualidade de vida da população. “Acredito que cada campanha tem sim a sua importância dentro da sociedade, primeiro porque você reduz o número de doenças, melhora a sobrevida das pessoas, reduz o custo social, já que muitas famílias são ceifadas por conta de doenças ocasionadas pelo vício e o custo financeiro nas unidades de saúde com o tratamento de doenças”, pontuou.
Em RR, apenas a capital oferece tratamento
No Brasil, o tratamento contra o tabagismo tem como referência o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo regulado pelas Portaria nº 1.035/2004 e Portaria nº 442/2004, do Ministério da Saúde, que ampliam o acesso da abordagem nos 3 níveis de atenção à saúde (básica, média e alta complexidade).
De acordo com o próprio Ministério da Saúde, o modelo de tratamento é baseado na abordagem cognitivo comportamental, possibilitando que o tratamento seja realizado em grupo ou individualmente, tendo como objetivo auxiliar o fumante a desenvolver habilidades que o ajudarão a permanecer sem fumar. Quando necessário, o usuário do sistema público de saúde tem acesso ao apoio medicamentoso e outros recursos disponibilizado pelo SUS.
Em Roraima, segundo o Governo do Estado, os núcleos de apoio são gerenciados pelos municípios, sendo que apenas Boa Vista disponibiliza o serviço. Ainda de acordo com a Administração Estadual, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) está trabalhando para credenciar os demais municípios, a fim de possibilitar este tipo de atendimento em todos os municípios do Estado.
Atualmente, segundo a Prefeitura de Boa Vista, 208 pessoas fazem parte dos grupos de ações preventivas contra o tabagismo. As atividades são desenvolvidas em 13 das 32 unidades básicas de saúde, nas unidades dos bairros 13 de setembro, 31 de março, Asa Branca, Buritis, Cambará, Caranã, Cidadão, Mariano de Andrade, Olenka, São Vicente, Sayonara, Silvio Leite e União.
“A procura maior por esses grupos é de homens, pois é o público que mais fuma e possui maior resistência do que a das mulheres para procurar ajuda. O tratamento é feito de forma espontânea, ou seja, sem nenhum tipo de pressão e a pessoa recebe toda uma ajuda para facilitar esse processo de tratamento”, destacou a coordenadora Municipal de Combate ao Tabagismo, Gilmara Alves.
Ainda de acordo com o Município, até o momento, 19 óbitos em decorrência de problemas relacionados ao fumo foram contabilizados, sendo 15 ocorrências de câncer de pulmão e quatro por câncer de boca.
O coordenador no Núcleo de Apoio do bairro 13 de Setembro, na zona Sul, Rodrigo de Barros, destacou a relevância desse tipo de ação para a população do Estado. “É sempre importante trabalhar essa questão dos problemas ocasionados pelo tabagismo. Digo isso principalmente na condição de ex-fumante. Antigamente, a própria mídia vendia o cigarro como status, algo que remetia a poder e jovialidade, mas não fazem ideia dos riscos à saúde que ela pode ocasionar”, salientou.
“Hoje, o núcleo aqui do 13 de Setembro trabalha com o tratamento de oito pacientes, sendo que os trabalhos não se restringem apenas ao uso dos adesivos antinicotina ou aplicação medicamentária. São realizados trabalhos em grupo, com palestras que ajudam aos pacientes entenderem melhor o tratamento”, concluiu. (M.L)