‘Hoje não temos segurança’, diz engenheira sobre energia vinda da Venezuela

O tema foi abordado no Agenda da Semana desse domingo (26) diante do recente teste com o Linhão de Guri para abastecimento de Roraima

Conceição Escobar e Frederick Lins, engenheiros especialistas na energia roraimense. (Foto: reprodução)
Conceição Escobar e Frederick Lins, engenheiros especialistas na energia roraimense. (Foto: reprodução)

A retomada do fornecimento de energia do Linhão de Guri, na Venezuela, para o estado de Roraima ainda é uma incerteza, principalmente por uma falta de segurança. Foi o que analisou a engenheira elétrica Conceição Escobar nesse domingo (26), no programa Agenda da Semana, da rádio Folha FM 100.3.

O tema foi abordado no programa diante do recente teste de retomada do fornecimento, realizado entre os dias 13 e 16 deste mês pela Bolt Energy, com autorização do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Ao lado do também engenheiro Frederick Lins, a especialista destacou que o cenário atual contrasta com os anos 1990, quando Roraima passou a ser abastecida energeticamente pelo país vizinho.

“Ninguém nunca duvidou que ia funcionar. Hoje, a gente não tem essa segurança. Todo o tempo existe uma ameaça, seja política, seja técnica, especialmente em momentos de crise na fronteira. […] Os empreendimentos na Venezuela perderam suas características por falta de manutenção, agravada por problemas de escassez hídrica e instabilidade política. Isso trouxe grande insegurança para o sistema”, afirmou a especialista.

Além disso, o ONS considerou os testes inclusivos, o que reforçam a necessidade de cautela. “Todos os dias de teste registraram desligamentos. Não houve blackout porque o sistema nacional garantiu estabilidade, mas isso prova que o limite de importação é de 15 megawatts. Caso se ultrapasse esse valor, uma falha pode arrastar todo o sistema [de Roraima]”, explicou.

A engenheira relembrou que o contrato da década de 90 com a Venezuela previa o fornecimento de 200 megawatts por 20 anos e era uma opção melhor do que construir a Usina de Contigo, na Raposa Serra do Sol, que enfrentava questões ambientais. No entanto, a partir de 2018, o fornecimento foi marcado por frequentes desligamentos e instabilidades.

Avanços locais e perspectivas

Apesar das dificuldades, a engenheira destacou os avanços no sistema energético local, como a implantação de usinas de biomassa e gás natural, além da interligação de 12 dos 15 municípios de Roraima. “Os únicos municípios ainda isolados são Amajari, Pacaraima e Uiramutã”, informou.

Frederick Lins e Conceição Escobar ainda comentaram sobre a construção do Linhão de Tucuruí, que promete conectar Roraima ao ao Sistema Interligado Nacional (SIN), além das diversas fontes de energia utilizadas no estado. A entrevista completa está disponível no Spotify e no YouTube.