Cotidiano

Homem é condenado a 30 anos de prisão por assassinato e roubo de igreja

Caso ocorrido em maio deste ano resultou na morte de Gilberto Araújo e da apropriação de R$ 450 mil reais

O acusado José Nilton Dias Gomes foi condenado a 30 anos e 480 dias de multa, em razão do golpe aplicado em uma igreja evangélica em maio deste ano, bem como a morte de Gilberto Araújo, de 32 anos, após apropriar-se indevidamente de R$ 450 mil da instituição.

A condenação foi proferida com base nas provas apresentadas à Justiça pelo Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR).

Conforme a denúncia, protocolada pelo promotor de justiça Ulisses Moroni Júnior, o acusado, em janeiro de 2015, passou a frequentar a mesma igreja que a vítima e ao ter conhecimento do interesse dos membros em comprar um terreno para a construção da sede própria, elaborou um plano para apropriar-se de dinheiro da instituição.

Para o promotor de justiça, o réu agiu com requintes de crueldade na execução da vítima, não restando dúvida quanto a autoria do crime. “José Nilton demonstrou frieza e calculismo em todas as situações que envolvem o caso. Ele enganou os dirigentes da igreja, e premeditou a morte da vítima”, ressaltou.

De acordo com a sentença, proferida no último dia 03 de novembro pelo juízo da 3ª Vara Criminal de Competência Residual, o réu com o objetivo de satisfazer suas necessidades econômicas e materiais, se prevaleceu da confiança e da amizade que manteve com a vítima. “Sem dúvida, o crime trouxe consequências à sociedade, como um todo, ao ente religioso, à vítima e aos seus familiares”, relata um dos trechos do documento.

ENTENDA O CASO

José Nilton ofereceu o terreno para os dirigentes da igreja no estado do Amazonas, que manifestaram o interesse em adquirir o imóvel pelo valor de R$ 900 mil. Forjando ser a pessoa de confiança do proprietário, o acusado foi até Manaus, onde recebeu a primeira parcela do negócio, um cheque nominal a Gilberto Araújo, no valor de R$ 450 mil.

A vítima trabalhava como faxineiro no Conselho Regional de Enfermagem de Roraima (Coren) e sem estar ciente do seu envolvimento na trama de José Nilton cedeu a conta bancária para o acusado.

“O denunciado disse à vítima que estava vendendo um terreno que seria muito bom para a igreja, porém, o valor não poderia ser depositado na sua conta pessoal porque estava em processo de separação, então o valor ficaria bloqueado”, relata o promotor de justiça.

O réu foi ao banco no dia 19 de maio com Gilberto para sacar R$ 443 mil e após se apossar do dinheiro, matou e ocultou o corpo da vítima. Em seguida, o acusado para encobrir o delito, relatou aos membros da igreja e a polícia, a versão de que a vítima havia sumido com o dinheiro da venda, e que teria planejado toda a fraude desde o início.

“Numa mistura de psicopatia e inteligência voltada para o mal, José Nilton acusou a vítima de fazer o que, em verdade, o acusado fez: tramar a venda fraudulenta do terreno para a Igreja. Mas, a vítima também fora enganada por José Nilton, foi um instrumento de fraude que depois de usada, foi morta”, destaca trecho da denúncia.

Os familiares de Araújo notaram seu desaparecimento e comunicaram a polícia. Imediatamente José Nilton surgiu como suspeito, pois a notícia do depósito na conta e o contato entre os dois era de conhecimento de pessoas próximas.

A partir daí foi iniciada uma investigação policial, que resultou na busca e apreensão de R$ 300 mil da venda do terreno. O valor estava enterrado no quintal da residência de José Nilton. Na ocasião o acusado foi preso onde encontra-se até então.

Conforme Ulisses Moroni, quando o acusado percebeu que seu crime seria descoberto procurou o MPRR para denunciar falsas irregularidades da investigação policial. “Primeiramente ele negou qualquer participação e disse que se tratava de um conluio da polícia contra ele. Um dia após ser preso, assumiu a fraude, porém afirmou que havia a participação de diretores da igreja e de Gilberto, negando a morte da vítima”, reiterou.

Durante as investigações foi constatado que não houve participação de mais pessoas no caso, o corpo da vítima foi encontrado pela Polícia Civil no dia 11 de junho em um poço dentro de uma propriedade rural localizada no Projeto de Assentamento Jacamim, no município de Cantá. “O réu esteve diversas vezes nesta área se passando por possível comprador, e em uma das visitas cavou um poço, onde depois depositou o corpo da vítima”, finalizou o promotor de justiça.

Com informações do MP