Cotidiano

Homens passaram a cuidar mais da saúde

Apesar dessa nova realidade, o número de casos de doenças, como o câncer de próstata, tem aumentado no mundo

No dia 15 de julho, o Brasil comemorou o Dia Internacional do Homem. A data foi criada justamente com o objetivo de chamar a atenção para saúde masculina. Segundo o Ministério da Saúde, a cada três mortes de pessoas adultas no País, duas são do sexo masculino. Um dado que pode parecer assombroso, mas que, na opinião do urologista Mário Maciel, está começando a mudar aos poucos.

“Por incrível que pareça, a gente tem observado nos últimos anos que o homem tem buscado a sua assistência cada vez mais precoce. As mídias têm massificado essa preocupação e isso vem sensibilizando-os a ter essa procura espontânea. Nós observamos também que as próprias mulheres são grandes incentivadoras para essa busca. Na maioria das vezes, são elas as responsáveis por agendar as consultas e por acompanharem-nos até elas”, disse.

Por aparentar maior resistência, muitos homens antigamente acabavam deixando de buscar cuidados médicos. Em alguns casos, o medo ou o receio também eram fatores predominantes para o desinteresse desse público. Somada à questão do sedentarismo, má alimentação e ingestão indiscriminada de bebida alcoólica, isso faz com que sua vida útil seja sete anos menos do que as mulheres.

“Segundo as projeções da OMS, nos próximos cinco anos, o câncer de próstata, que é o tipo mais comum a atingir os homens, terá um aumento de mais de 150%. Pode parecer espantoso, mas isso abre vertente para a importância da sensibilização desse público frente à questão da importância do cuidar da saúde. As tecnologias, hoje, em termos de busca ativa desses tumores, e a própria sensibilização dos homens, fazem com que esses números se tornem expressivos nesse momento. Não é que esteja diagnosticando demais, é que o homem tem buscado valorizar esse cuidado”, destacou.

Em um estudo realizado no Estado, o médico constatou que a maioria dos roraimenses apresenta sobrepeso ou obesidade, além de não praticar exercícios com frequência. “Esse estudo de cinco anos foi, na verdade, a dissertação de uma tese de doutorado de um aluno meu, chamado Manuel Bezerra. Nós pegamos uma amostra de 700 homens, de idades distintas, e constatamos uma série de fatores que podem contribuir para o surgimento de vários fatores que podem contribuir para o surgimento de doenças oportunistas. Nós dosamos o colesterol e glicemia desses homens e constatamos que muitos estão com peso acima do normal”, explicou.

Além da questão da má alimentação, o sedentarismo é outro fator que tem contribuído para acentuar esses problemas. Fatores emocionais também foram levados em consideração, já que entre os homens estudados estavam viúvos, separados e com baixa renda. O resultado final mostrou que nos próximos 10 anos pelo menos 12% desse público podem desenvolver um infarto ou um derrame.

PREVENÇÃO – A prevenção e a adoção de hábitos saudáveis continuam sendo a maneira mais eficaz na luta contra as doenças oportunistas. “Em outro estudo que desenvolvemos com 250 homens, nós perguntamos quais são as maiores preocupações desse público. A opção mais votada foi o câncer, seguida do HIV e a terceira, os acidentes que causam mutilações ou sequelas. Nesse mesmo questionário, perguntamos a regularidade que esses homens procuram o médico, e 75% deles afirmam que não costumam a procurar com regularidade. Temos aí um contrassenso nisso”, disse do urologista Mário Marcial.

“Para o câncer, por exemplo, é preciso estar sempre adiante, e não deixarem as coisas acontecerem. Então, apesar de ter essa preocupação, ele ainda demora muito tempo para agir. Mas quando ele começa a procurar melhorar sua saúde, encara o processo com naturalidade, coisa que antes não ocorria. Isso demonstra uma evolução muito significativa no modo de pensar desse público”, frisou o profisisonal (M.L)