Cotidiano

Hora de planejar o que fazer com o dinheiro extra neste fim de ano

Controlar os gastos é a maneira mais segura de evitar problemas, e comprar por impulso é o erro mais comum cometido pelos consumidores

Final de ano é o período de receber a primeira parcela do 13º salário. Para muitos, a primeira parcela ainda não foi paga, mas já há gente fazendo planos de como empregar o dinheiro extra. E todo cuidado é pouco para aproveitar bem esse recurso extra no orçamento familiar ou pessoal.
Com tantas promoções à vista, é muito difícil não cair em tentação. Foi o que aconteceu com Vanessa Alves. Adepta ao cartão de crédito, a assistente administrativa acabou extrapolando o limite máximo. “É uma tentação prazerosa, mas que depois acaba pesando no bolso. Infelizmente, o 13º desse ano será para quitar as dívidas do cartão”, lamentou.
Instituída por meio do decreto presidencial nº 4.090, de 13 de julho de 1962, a gratificação de Natal, ou 13º salário, garante ao trabalhador o recebimento de, pelo menos, 1/12 (um doze avos) de remuneração por mês trabalhado. Ou seja, o pagamento de um salário extra no final de cada ano.
“Primeiramente, a pessoa precisa entender que esse dinheiro extra é pago de forma parcelada. A primeira parcela, que corresponde a 50%, é repassada no final do mês de novembro. E a segunda parcela, na terceira semana do mês seguinte. É nessa segunda parcela que são descontados o INSS e o Imposto de Renda. Ou seja, vem menor que a primeira parcela”, afirmou o economista Eduardo Selfair. Quem paga pensão, o valor também é descontado.
Segundo o especialista, cada setor determina a forma como o abono será efetuado, existindo casos em que o funcionário negocia a forma de pagamento. “Geralmente, os setores da indústria e do comércio costumam pagar o 13º no período comum, que compreende o fim do mês de novembro e o meio de dezembro, mas existem casos em que as empresas antecipam o pagamento. Há empresas que pagam na época em que o funcionário tira férias e deixa o restante para o mês de dezembro. Existem setores públicos que pagam o abono de acordo com a vontade do servidor, como na data de aniversário. Abre-se um requerimento solicitando essa mudança, mas a grande maioria ainda prefere obedecer à regra tradicional da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], que é de novembro e dezembro”.
Controle na ponta do lápis
Para o economista Eduardo Selfair, controlar os gastos e reservar parte do orçamento para um fundo de emergência é o meio mais seguro que o consumidor pode usar para evitar imprevistos. “O que nós sempre aconselhamos é que as pessoas utilizem esse abono na quitação dessas pendências financeiras. No caso da pessoa que não contraiu nenhum tipo de dívida, ela pode fazer programação positiva de como ela pode empregar esse dinheiro”, disse.
Conforme o especialista, a pessoa pode destinar uma parte do 13º salário para fazer algum tipo de investimento e direcionar a outra parte para investir em algo que ela esteja necessitando, desde que esse “mimo” não implique no surgimento de novas dívidas. “Para qualquer dinheiro que você receba, é preciso conhecer bem as suas receitas e, principalmente, a suas despesas. O erro mais comum cometido pelas pessoas é, sem dúvida, o gasto excessivo. Geralmente são aquelas compram algo que tem valor superior ao valor que elas recebem”, friso.
O economista afirmou que as pessoas mais endividadas são as que fazem o que chamamos de “conta mental”. “Elas fazem cálculos do que vão gastar, mas acabam não tendo o controle correto e, no final das contas, são surpreendidas ao perceberem que excederam o limite máximo do que recebem”, frisou.
INADIMPLÊNCIA – De acordo com um estudo recente da Serasa Experian, Boa Vista figura na quarta colocação das capitais com o maior percentual de inadimplentes do País, com 32,6%. A capital roraimense perde apenas para São Luiz (36%), Macapá (37,2%) e Manaus (38,1%). A explicação, de acordo com a empresa, é que essas localidades tendem a ter maior taxa de inadimplência por possuírem renda per capta menor que as demais capitais do País. 
O estudo revelou ainda que a faixa etária com maior nível de endividamento está entre 26 a 30 anos, com um percentual de 29,9% de inadimplentes. Consumidores de 25 a 31 anos vêm em seguida, com 29,3%, 36 a 40 anos (28,2%) e 18 a 25 anos (28,1%). Para a Serasa, o nível de endividamento diminui conforme o aumento da idade. Acima dos 70 anos, a taxa é de 10,3%.