Cotidiano

Hospital Geral de Roraima ofertará doze cirurgias de retina por mês

Oferta do procedimento foi feita com base em um estudo feito pelo Governo do Estado para saber quais eram as principais solicitações de TFD em Roraima

Desde o início do mês a unidade estadual de saúde começou a oferta de cirurgias de retina para pacientes que sofreram, de alguma forma, lesão na região ocular. A primeira cirurgia ocorreu no dia 18 de junho, no Hospital Geral de Roraima (HGR), com um paciente de 50 anos.

A escolha da oferta das cirurgias de retina foi feita com base em um estudo feito pelo Governo do Estado no ano passado para entender quais eram as principais solicitações para o Tratamento Fora de Domicílio (TFD) em Roraima, revelou o secretário estadual de Sáude (Sesau), César Penna, durante entrevista no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 26.

De acordo com o secretário, a análise observou que os maiores índices eram para os transplantes e as cirurgias de retina, as de ortopedia de alta complexidade e cardíaca. Entre os quatro, a cirurgia de retina foi a escolhida em razão da consequência no atraso do procedimento para o paciente, que poderia perder a visão rapidamente. “Como foi o caso do nosso primeiro paciente que passou pelo procedimento. Se ele não tivesse feito a cirurgia, ele teria perdido a visão”, revelou Penna.

Segundo o secretário, o setor recebeu um investimento de R$ 400 mil do Estado, “em que foi comprado um microscópio no valor de R$ 320 mil e R$ 80 mil destinados para insumos”. Com a viabilização da cirurgia, 88 pessoas que estavam na lista de espera do TFD poderão participar do andamento em Roraima.

“Esses pacientes já vão começar a ser atendidos esta semana e a maioria deles estava sem perspectiva nenhuma, pois não há vagas nos outros estados. Nós vamos começar a dar prioridade para esses pacientes que já estavam na fila e os demais que forem surgindo também serão submetidos à cirurgia. É lógico que ainda vamos demorar um tempo para que essa demanda seja superada, mas a perspectiva é boa”, afirmou.

O secretário também disse que há, às vezes, uma pressão por parte dos órgãos de controle na Sesau para o cumprimento do TFD, mas que nem sempre a responsabilidade é da unidade estadual. “Existe uma Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade do Ministério da Saúde e o próprio Ministério da Saúde que encaminha os pacientes para os outros estados, de acordo com a disponibilidade de vagas. Só que não disponibilizavam vagas porque eles não conseguiam resolver nem a sua própria demanda. São poucos os profissionais no Brasil que realizam essa cirurgia”, disse Penna.

Para atendimento dos pacientes em Roraima, serão disponibilizados dois profissionais especializados em retina, um residente em Boa Vista e outro em Manaus, no Amazonas. Conforme o secretário, o médico retinólogo residente em Boa Vista ficará mais responsável pelos atendimentos de emergenciais e o residente em Manaus, que atenderá em maioria, os agendamentos. Além disso, outros profissionais serão preparados para aumentar o número de profissionais responsáveis pelo procedimento.

O secretário acrescentou ainda que o planejamento é que sejam realizadas, pelo menos, 12 cirurgias por mês, fora as de emergência, que vierem a acontecer. O número pode ser considerado baixo, disse o secretário, mas ainda assim é maior do que a previsão de atendimento para os pacientes que estavam na lista de espera do TFD.

“Às vezes a pessoa pode falar que é muito pouco, mas é um serviço que ainda está começando, então, nós temos que começar estruturado e ter consciência de que os pacientes precisam ter uma resposta muito boa”, acredita o secretário. “É uma cirurgia muito complexa, longa, cara, mas é algo que a gente buscou desde o ano passado e a gente conseguiu agora realizar e implementar e vamos fazer de tudo para que esse procedimento seja rotineiro no nosso Estado”, afirmou o secretário.

Estado oferecerá cirurgias ortopédicas de última geração

Além da recém instalada oferta das cirurgias de retina, o secretário também adiantou que o Governo do Estado montou uma parceria com o Ministério da Saúde para a vinda do Instituto Nacional de Trauma e Ortopedia (INTO), que será responsável pelos procedimentos que ainda não são oferecidos nas unidades de saúde estaduais, como cirurgias de quadril e joelho de alta complexidade, que custam em torno de R$ 70 mil em uma clínica particular.

A previsão é que a equipe do INTO chegue no mês de agosto ou setembro, em um formato similar ao de mutirão, com os profissionais e equipamentos de última geração. “O HGR oferecerá somente os leitos e o espaço físico e o Governo será responsável por bancar as passagens, estadia e alimentação dos profissionais do INTO que forem deslocados para Roraima. A previsão é que eles passem uma semana aqui, operando pela manhã, tarde e noite”, disse.

Outro ponto citado pelo secretário foi a Central de Captação de Órgãos. Montada há três anos, a Central recebeu este ano a habilitação para poder identificar o possível doador, ou seja, os profissionais serão treinados para serem habilitados a atuar na doação de órgãos em caso de morte encefálica dos pacientes. Os trabalhos terão como foco, a princípio, os rins em razão do alto índice de problema renal dos brasileiros e, em seguida, os bancos de córnea.

“Antes, nós existíamos no papel e recebíamos um recurso do Ministério da Saúde, de R$ 30 mil por mês, para manutenção dessa equipe. Só que agora o Estado foi habilitado para passar a treinar a equipe para retirada de órgãos, então, os pacientes que têm morte cerebral diagnosticada e que tenham declarado em vida o desejo de ser um doador e a família autorizou, a equipe poderá fazer a retirada dos órgãos, onde a Central Nacional virá e levará o material para o paciente que está na fila do transplante”, explicou.

UNIDADES ESTADUAIS DE SAÚDE – Quanto às obras de ampliação, reforma e construção das unidades de saúde estaduais, o secretário confirmou as informações de que as obras do Hospital das Clínicas, no bairro Pintolândia, devem encerrar ainda este ano, com previsão de entrega para outubro e que as do Hospital Geral de Roraima devem ser concluídas em março do ano que vem.

A Policlínica Cosme e Silva também deixará de atender, em um determinado momento, um número geral de pacientes e será voltada somente para os adultos, pois o atendimento de crianças é uma responsabilidade do município e das gestantes é do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN). “Só que não podemos fazer isso de uma maneira drástica, temos que informar a população, orientar e ter certeza que na hora de transferir esse atendimento, os pacientes possam ser atendidos”, disse Penna.

Ainda sobre a maternidade, o secretário também informou que a unidade terá uma restruturação a partir de agosto, com a inauguração do novo Centro de Referência de Saúde da Mulher. Como o Centro está atualmente instalado na HMINSN, com a mudança, a maternidade terá mais 37 leitos disponíveis.

Sobre a possível criação de uma maternidade na região da zona Oeste da Capital, o secretário afirmou que embora este “seja um grande sonho da governadora Suely Campos”, ainda não há previsão para início de novas construções. “Nós já estamos viabilizando a questão junto ao Ministério da Saúde e temos dois objetivos, criar a maternidade de Rorainópolis e da Zona Oeste, mas o momento agora é de entregar o anexo do HGR e correr atrás do Bloco C do Hospital das Clínicas, que seria responsável em fornecer uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e um centro cirúrgico para a população que mora naquela região”, concluiu o secretário. (P.C)