ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
Em agosto deste ano, Tamar de Oliveira Rocha, de 63 anos, foi internado no Hospital Geral de Roraima (HGR) após receber o diagnóstico de um aneurisma cerebral. A confirmação, no entanto, só veio após inúmeras consultas e a realização de uma angiografia cerebral realizada em uma clínica particular, por conta da falta de material no HGR. Quatro meses depois, ele continua internado à espera da cirurgia.
O procedimento, que deveria ter sido realizado em setembro, foi adiado diversas vezes por conta da falta de material e insumos do hospital. A nora do paciente, Carla Araújo, explicou que a família não tem condições financeiras para arcar com a cirurgia. “O filho dele precisou fazer um empréstimo para pagar a angiografia, que custou R$ 5,5 mil. Se não fosse esse exame, nunca saberíamos a gravidade do aneurisma e a importância da cirurgia”, contou.
Diante da possibilidade de uma nova hemorragia intracraniana e o consequente óbito do familiar, a família decidiu então apelar à Justiça. O processo, aberto no início de novembro, requereu principalmente duas coisas. A primeira foi a Concessão da Tutela de Urgência, a fim de que o Estado realizasse os procedimentos médicos necessários, bem como todos os materiais, procedimentos e exames pré e pós-operatórios.
A segunda, conforme o documento, foi o depósito da quantia de R$ 226.352,00, possibilitando que o paciente pudesse custear o procedimento em rede privada, sob pena de bloqueio. No despacho emitido pela 1ª Vara da Fazenda Pública, o magistrado informou que o paciente deveria estar no HGR no dia 11 de dezembro, data marcada pelo hospital para a realização do procedimento.
Nesta quarta-feira, 11, no entanto, os familiares de Tamar foram surpreendidos com mais um cancelamento. O motivo, conforme relato, foi a entrada de uma paciente de 88 anos na unidade em estado grave. “Ele ficou em jejum a noite inteira para realizar o processo. Já tinham colocado acesso, a bata e quando ele ia entrar no centro cirúrgico disseram que a cirurgia seria remarcada para o dia 20 deste mês”, disse a nora.
Diante do descumprimento judicial, a família vai procurar o advogado para que as medidas cabíveis sejam tomadas. “É desesperador. Ele entrou no HGR falando e se movendo, hoje ele não faz mais nada sozinho. Os médicos disseram que o tipo de aneurisma é grave, com movimento brusco ele estoura. Ele nem fala mais direito, só balbucia algumas palavras”, explicou a nora.
OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde para ter um posicionamento em relação ao descumprimento e a situação do paciente, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.