Confiar na faixa de pedestre tornou-se um risco em Boa Vista, apesar de os números de acidentes desse tipo terem registrado redução. Ontem pela manhã, uma idosa foi atropelada quando atravessava a faixa de pedestre na avenida Major Willians, perto do prédio do Serviço Nacional do Comércio (Senac), no bairro São Francisco, zona Norte.
Anteontem, 26, o skatista e diretor de imagens da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), Ewerton de Souza, de 40 anos, o Tom, morreu ao ser atropelado por uma carreta na faixa de pedestre em frente da Catedral Cristo Redentor, na “bola” do Centro Cívico.
Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a proteção deve vir do maior para o menor, logo, o pedestre, o mais frágil no trânsito, deveria ser o alvo de maior cuidado. Mas nem sempre isso acontece no trânsito de Boa Vista. A maioria dos acidentes com este público acaba em morte.
A estatística do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aponta que, de janeiro a abril de 2015, foram 63 pedestres atropelados na Capital. Este ano, no mesmo período, foram 43. A redução foi de 31,74%.
Especialistas no trânsito atribuem os acidentes à desatenção tanto do motorista quanto do pedestre. O diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Boa Vista, Luciano Coutinho, orienta o pedestre a sinalizar antes de entrar na faixa, em cima da calçada, e perceber que o motorista visualizou. “E só depois, com os carros parados, é que o pedestre deve atravessar”, orientou.
Segundo Coutinho, é preciso mais educação de todos os que fazem o trânsito e respeito à sinalização. Também é preciso mais campanhas educativas para ensinar ao pedestre os procedimentos de segurança antes de atravessar a faixa.
“O que observamos é que a maioria dos acidentes de trânsito envolvendo pedestre ocorre pela falta de atenção dos dois lados, do motorista e do pedestre. É preciso mais atenção quando um carro grande para na faixa, encobrindo a visão de quem atravessa. O pedestre tem que observar se os outros veículos também já pararam”, frisou.
Apesar da violência no trânsito boa-vistense, a estatística do Samu aponta redução nos números de acidentes com pedestres, comparados os quatro primeiros meses do ano passado com os deste ano. De janeiro a abril de 2015 foram 63 pedestres atropelados. Este ano, no mesmo período, foram 43. A redução foi de 31,74%. O diretor do Samu disse que a redução deve-se, em parte, à construção das ciclovias, faixas luminosas e a instalação de semáforos em pontos críticos do trânsito na Capital.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados recentemente, revelam que somente em 2015 mais de 62 mil pessoas foram atropeladas no País e, segundo o Ministério da Saúde, quase 10 mil morreram. Os acidentes de trânsito matam 43 pedestres por dia no Brasil. E a culpa, que muitas vezes é atribuída, pelo pedestre, ao condutor, ou vice-versa, pode na verdade ser resultado de más condições de iluminação e de sinalização, ou mesmo de obstáculos no espaço de circulação, que permitam ou incentivem práticas de velocidades incompatíveis.
CUIDADOS – O pedestre também precisa estar atento e ter os sentidos aguçados, em especial a visão e a audição, para minimizar os riscos no trânsito. Caminhar com fones no ouvido, falando ou teclando no celular, enfim, distraído, pode atrapalhar o fluxo de pessoas nas calçadas e levar a acidentes com veículos. Ver e ser visto no trânsito é uma premissa para manter-se seguro.
O pedestre deve cuidar por onde pisa e por onde anda, pois é preciso desviar de postes, bancas, placas e outros mobiliários urbanos, e ainda tem as deformações nas calçadas. Além disso, cabe ao pedestre buscar a travessia em locais seguros, optando por esquinas sinalizadas. Quando cada envolvido no trânsito faz a sua parte, os riscos diminuem para todos. (AJ)