A inflação da terceira idade acumula taxa de 5,37% em 12 meses, bem acima dos 4,88% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPCA-BR), que mede a inflação para todas as faixas de idade. A taxa do IPC-3i cresceu de 0,8%, no último trimestre do ano passado, para 1,49% no primeiro trimestre deste ano.
Contribuíram para o aumento da taxa os grupos saúde e cuidados pessoais, transportes e despesas diversas. Pessoas da terceira idade gastam mais com medicamentos e alimentação especial que com todo o restante de necessidades no dia a dia.
À Folha, o economista Dorcílio Erik explicou que é preciso conhecer o Índice de Preços ao Consumidor para poder explicar o que é o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a variação da cesta de consumo de pessoas com mais de 60 anos de idade, para entender as causas e efeitos do aumento da inflação no período.
“Esse índice é o responsável por mensurar a inflação e a alteração nos preços dos produtos que compõem a cesta básica de consumo das pessoas da terceira idade e esta cesta é formada pelos medicamentos e alimentos específicos para pessoas portadoras de doenças, como hipertensão e diabetes, frutas e produtos integrais, que geralmente são mais caros que os demais”, disse.
Neste caso, segundo o economista, a inflação desse grupo de pessoas é diferente em relação à média de inflação da população em geral.
“Justamente porque os produtos direcionados para a terceira idade são diferentes e os motivos são subjetivos e estão ligados a aumento de medicamentos e de alimentos especiais e essa cesta teve elevação de preços maior que a cesta de consumo da população normal”, justificou. “Em especial, a confecção de medicamentos que usam matéria-prima cotada em dólar e isso faz variar de acordo com o mercado. Vale lembrar que, no ano passado, o dólar estava muito elevado”, destacou.
Isso causa efeito nos custos mensais das pessoas da terceira idade, como é o caso da aposentada Maria Roselina Soares Silva, 76 anos, que gasta mais do que recebe de benefício e tem ajuda da família para cobrir os custos no fim do mês.
“Os custos com medicamentos passam de R$ 600 e mais uns R$ 800 com alimentação integral, peixe, frango e frutas devido ao diabetes. Como teve aumento no preço dos medicamentos, vai aumentar os custos no fim deste mês e sempre tenho ajuda da família”, afirmou.
Já o aposentado Veriano Pinheiro da Silva, 68 anos, gasta em torno de R$ 900 por mês apenas com a cesta básica de medicamentos e alimentação especial.
“O gasto maior é com comida integral, leite e sucos que são sempre mais caros que os produtos normais, além de medicamentos para diabetes e pressão alta. Por isso, resolvi me mudar para o sítio para gastar menos e viver melhor”, disse.