Cotidiano

IFRR avança em projeto e distribui energia solar na Capital e interior

Campi de Boa Vista, Amajari e Novo Paraíso possuem uma subestação de energia que pode gerar até 70 mil quilowatts cada uma

Os projetos de energia solar desenvolvidos pelo Instituto Federal de Roraima (IFRR) deram mais um passo em 2017. Há cerca de dois meses, o campus Boa Vista recebeu a primeira subestação para distribuição de energia no próprio polo. Após isso, os campi Amajari, na região norte do Estado, e Novo Paraíso, no município de Caracaraí, na região centro-sul, também receberam uma subestação. Em horários de pico, como na hora do almoço, a geração de energia pode chegar até 70 mil quilowatts (Kw).

Conforme o professor de eletrotécnica do IFRR, Manoel Neto, a energia solar gerada é utilizada paralelamente com a energia da concessionária nos três campi. Além disso, com o medidor de dupla implantado em cada subestação, o professor explicou que, quando a produção de energia for maior que o consumo, a energia excedente será injetada na rede da concessionária. “No nosso caso não vai acontecer ainda, o instituto consome muita energia. Mas é uma contribuição relevante para o consumo total”, disse.

As subestações funcionam das 06h às 18h, com a energia de pico que ocorre por volta das 12h. Neto destacou que é neste momento que a subestação chega a gerar, ou chega perto, de 70 mil Kw. Estudante de mestrado em Eficiência Energética, ele apontou que a contribuição em Roraima é quase zero pela falta de investimento do Estado. “Quando o consumo for menor que a produção, o IFRR vai aparecer como a primeira instituição a injetar energia na rede da concessionária”, frisou.

De acordo com Neto, os estudos para verificação de índice de insolação iniciaram no final da década de 90, contemplando os três campi, mais a região da Serra da Moça e o Truaru, na zona rural de Boa Vista. À época, o Ministério de Minas e Energia (MME) mandou kits para verificar a possibilidade de futuras instalações, como aconteceu este ano. O professor destacou que os recursos foram provenientes da Reitoria do IFRR e de uma negociação junto ao Governo Federal, que enviou os kits para instalação.

Por ser uma instituição federal, quem investe nos projetos do IFRR é o Governo Federal. Além disso, o professor informou que há uma lei que determina que instituições públicas, em todas as esferas, têm a obrigação de investir em eficiência energética, seja produzindo ou adquirindo projetos de energia solar, distribuição de energia ou energia eólica. Para ele, os benefícios são satisfatórios. No entanto, os estudos de avaliação são necessários e os custos variam.

O investimento para a instalação deve ser calculado pela quantidade de consumo na conta de luz, a carga utilizada e o tamanho da subestação que será implantada. Neto também apontou que os valores dependem do telhado e da localização da casa. Ainda assim, ao consumir menos do que é produzido, o excedente é injetado na rede, gerando créditos na conta de luz da residência em questão.

Conforme explicou o professor, a legislação brasileira não é como a alemã, onde a energia produzida pode ser vendida ao Governo pelo preço de mercado. “Aqui, o que você gera você injeta e transforma em crédito, que pode ser utilizado depois. No balanço total, a sua conta de luz pode zerar no final do mês, pode vir menor ou pode vir em crédito”, finalizou. (A.G.G)

Técnico utiliza energia solar em casa e economiza 50% na conta de luz

Tudo começou em 2015, quando o técnico em eletrônica Amadeu Triani deu início aos estudos em coleta de energia para ter independência da energia que tanto falha na Capital. Desde então, o técnico utiliza energia solar em casa e economiza cerca de 50% na fatura da conta de luz no fim de cada mês. Ainda em processo de reestruturação, as placas solares já conseguem gerar o equivalente a 1.200 watts de potência.

A partir dos estudos, ele descobriu que poderia utilizar a placa solar em um sistema integrado, em que a placa é interligada na concessionária, e a energia produzida não é contada, e no isolado, que utiliza a placa como bateria para acumular energia durante o dia e utilizar à noite. Para Boa Vista, ele explicou que utiliza o integrado. “Além de ajudar na produção local, porque o que você não consome alivia a rede e ajuda a estabilizar as quedas. Além dos créditos na produção excedente”, disse.

Para o técnico, o futuro do mundo depende da energia alternativa, uma vez que o consumo está cada dia mais intenso e há menos impacto ao meio ambiente. Ele apontou o caso da Hidrelétrica do Bem-Querer, no município de Caracaraí, região centro-sul do Estado. “Em uma área de 560 quilômetros quadrados, nós teremos um potencial de 401,7 MW, enquanto em apenas 1% da área a geração de energia solar seria de 520,8 MW. Muito prejuízo para nenhum lucro”, afirmou.

Triani ainda destacou dados do Ministério de Minas e Energia (MME) em relação aos parques de jazidas de minérios, utilizadas na fabricação da placa solar. Conforme relato, 99% dos minérios estão localizados no Brasil, mas são utilizados em outros países. “Apesar de o começo ser difícil, só o prazo de produção da energia já paga o esforço. Além de tudo, é economicamente viável”, pontuou. (A.G.G)