Cotidiano

IMIGRANTES: Casal vive há um ano em acampamento na Ville Roy

Na Venezuela, o casal deixou a família e os amigos, em busca de um futuro melhor em Roraima

Há sete anos, a jovem venezuelana Joely Isabel Jorley, 25 anos, e o marido Jose Alfredo Caguas, 39 anos, chegavam à Boa Vista fugindo da crise política e econômica que começava a abalar o país. Na Venezuela eles deixaram a família e os amigos, em busca de um futuro melhor. Porém, o casal vive há mais de um ano em um acampamento improvisado, na avenida Ville Roy, no bairro São Francisco, em Boa Vista – Roraima.

Os dois saíram da cidade de El Tigre, na Venezuela, e vieram à Boa Vista pelo mesmo percurso feito por milhares de outros imigrantes. Grande parte do trajeto foi a pé, e completaram a viagem por meio de caronas no meio da estrada.

A Joely Isabel estava grávida quando chegou à Capital, mas acabou tendo complicações durante gravidez e perdeu o filho. Após um período curto de tempo o marido conseguiu encontrar um trabalho como caseiro em um sítio, localizado no município de Normandia e, dessa forma, os dois puderam se sustentar.

“Com o trabalho do meu marido, conseguimos alugar um apartamento. Era simples, mas era o que o dinheiro que ele ganhava conseguia pagar. Depois que ele perdeu o emprego, fomos mandados embora e tivemos que ir para um abrigo”, disse Joely.

Segundo Jose Alfredo, a mulher estava grávida outra vez quando tiveram que se mudar para o abrigo, localizado no Pintolândia. Dessa vez a sua gravidez era de trigêmeos, porém dois dos bebês acabaram morrendo durante o parto.

“Estamos aqui nesse local há mais de um ano. É difícil essa situação porque não temos dinheiro agora e só estamos conseguindo nós alimentar por causa de doações que recebemos de outras pessoas”, comentou Joely.

Além das doações, eles recebem dinheiro através do programa Bolsa Família, mas há dois meses enviam dinheiro para a Venezuela, para ajudar no enterro de um de seus familiares. Ainda assim, eles estão procurando emprego para poderem sair das ruas.

“Eu trabalhava como manicure profissional na Venezuela. Meu marido era servidor de uma empresa. Eu estou gestante de cinco meses e além disso não posso trabalhar. Mas ele está procurando emprego e enquanto isso vai fazendo diárias para que possamos comer”, completou Joely.