Segundo dados do recém-lançado Relatório Mundial sobre Migração 2022, a OIM (Organização Internacional para as Migrações) estima que atualmente 281 milhões de pessoas vivem fora de seus países de origem, 61 milhões a mais que em 2010.
Mesmo com os impactos sofridos com a pandemia de COVID-19, que afetou drasticamente a mobilidade global nos últimos dois anos, dezenas de milhões de eventos de deslocamento fizeram com que as pessoas continuassem a se mover.
Desde 2018, Roraima se tornou a principal porta de entrada de migrantes venezuelanos no país, onde muitos optaram por ficar. Mas além de imigrantes do país vizinho, o estado recebe pessoas de países mais longínquos.
Para o economista Dorcílio de Souza, a contribuição dos imigrantes para a economia de Roraima se dá por meio da força de trabalho. “Nosso estado sempre foi rico e abundante em questão dos investimento, por ser um estado pequeno, altamente dependente do setor público, nunca faltou recursos, mas faltava justamente a questão da mão de obra e a migração trouxe da força do trabalho Então, eles [imigrantes] contribuem para que o estado continue a crescer, produzir, gerar renda e tributos”.
Conheça abaixo a história de dois imigrantes apaixonados pela capital roraimense. Cenit e Nuno, relataram as experiências vividas aqui e os momentos marcantes no novo lar.
A psicóloga e esteticista Cenit Tejada, nasceu em Medellín, na Colômbia, mas há 18 anos se apaixonou por um brasileiro e resolveu se mudar para o Brasil. Quando chegou no país, Cenit morou em diversos estados, mas foi em Roraima que ela se encontrou.
“Eu vim aqui para visitar uma amiga, mas fiquei apaixonada pela cidade. Boa Vista lembra muito o lugar de onde eu vim, e também fica muito mais perto do meu país. Foi quando eu decidi que iria morar aqui e trouxe meus filhos”, contou.
Em Boa Vista, Cenit se formou em psicologia, mas por ser apaixonada pela estética sentiu a necessidade de abrir um salão de beleza. No espaço, -que fica localizado na Av. Capitão Júlio Bezerra, 2020, no bairro Aparecida- a colombiana conta que costuma empregar outras estrangeiras por se identificar com as histórias, mas que já sofreu xenofobia por parte de alguns clientes.
“Aqui trabalham venezuelanas, cubanas, colombianas e brasileiras, mas tinham alguns clientes que entravam aqui, e quando ouvia nosso sotaque, tratavam a gente de maneira grosseira ou simplesmente saiam sem dar explicações”, relatou a esteticista, mas afirmou ainda que essas atitudes, não tiram seu foco.
“A gente continua tratando essas pessoas com educação. Uma coisa que eu sempre falo é que quando a pessoa passa pela minha porta, não interessa a nacionalidade, se fala portugues ou espanhol, se tem dinheiro se não tem…Aqui nós tratamos todos da mesma maneira, porque todos são igualmente importantes”, continuou.
Além do espaço estético, Cenit também trabalha como psicóloga e tenta conciliar a agenda entre as duas profissões.
Nuno Pereira nasceu em Portugal e também veio ao Brasil em 2009, após conhecer uma brasileira. Ele e a esposa moraram no Rio de Janeiro e Brasília até que Nuno recebeu uma proposta de emprego em um restaurante aqui de Boa Vista-RR. “Eu recebi uma proposta para abrir um restaurante aqui e vim aqui ver o estado e me apaixonei, acabando por me mudar para aqui em fevereiro de 2014”, contou.
O restaurante em que Nuno trabalhava não deu certo, mas ele não deixou se abalar e decidiu seguir em frente por conta própria. “Eu trabalho na área de gastronomia desde meus 13 anos, então quando o restaurante deu errado, eu decidi não ir embora e preferi abrir meu próprio negócio para me estabelecer como roraimense”, explicou.
Hoje, Nuno tem um restaurante e lanchonete no Aeroporto, uma pizzaria na Av. Ville Roy, e uma distribuidora no Santa Cecília. Além disso, ele também é o atual presidente da Associação Comunidade Portuguesa Forte São Joaquim- Roraima.