Imigrantes são transferidos para Palácio Latife Salomão

Cerca de 300 imigrantes foram transferidos para o Palácio Latife Salomão ontem, 24, em ação da Força Humanitária do Exército Brasileiro, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e Prefeitura de Boa Vista. Os estrangeiros estavam pernoitando na Praça Capitão Clóvis e devem permanecer apenas 24 horas no local, para depois serem realocados no abrigo do Nova Canaã.

De acordo com o coronel Swami Fontes, porta-voz da Força Humanitária em Roraima, a ação iniciou por volta das 5h30, momento em que foi entregue o café da manhã para os imigrantes. Em seguida, eles foram revistados e levados de ônibus, com seus pertences pessoais, para o Latife Salomão por volta das 7h30. O coronel explicou que a revista serviu para identificar quem pudesse ter alguma arma branca, algo não conveniente de se estar em um local coletivo.

No Latife Salomão, os imigrantes foram cadastrados e imunizados com apoio da equipe do município. Em seguida, a Acnur e a organização Fraternidade Sem Fronteiras fizeram um novo cadastro. Segundo Isabel Marques, representante da Acnur no Brasil, o cadastro é importante para o levantamento de informações dos imigrantes e identificação das maiores necessidades.

“É importante saber quem são essas pessoas, saber a sua identidade, seu perfil e identificar as suas vulnerabilidades. Se houver alguma grávida ou uma pessoa mais doente, por exemplo. É muito importante saber quem é solteiro, quem tem família, para poder distribuir de forma correta dentro do abrigo, para não colocar todo mundo junto”, explicou.

ESPAÇO – No Latife Salomão, foram organizados colchões, beliches e barracas para as famílias pernoitarem. No espaço também foram disponibilizados banheiros e bebedouros e os imigrantes receberam almoço e janta. As regras de convivência são as mesmas de outros abrigos, sem consumo de álcool ou entorpecentes sob pena de expulsão. A previsão é que a permanência deles no local se encerre hoje pela manhã, porém, o prazo pode ser prolongado por mais um dia.

Conforme o coronel Fontes, a transferência dos imigrantes de um lugar para o outro e permanência de tão pouco tempo ocorreu para melhor organizar os cadastros e imunizações, além de tornar o ambiente melhor para os refugiados. “A gente percebeu que os imigrantes foram voluntariamente. Acredito que vão estar em uma situação melhor do que antes, pois estavam ao relento, passíveis de sol e chuva”, afirmou.

A representante da Acnur completou que há de se concordar que ninguém gosta de morar na rua, além de ressaltar que os cidadãos de Boa Vista também precisam do retorno ao acesso às praças. “A intenção é trabalharmos em conjunto e apoiar as iniciativas locais, para que as pessoas tenham um abrigo digno e que as praças sejam devolvidas aos cidadãos dessa cidade tão linda”, reforçou.

Mais imigrantes devem ser
deslocados para Manaus e SP

O Ministério do Desenvolvimento Social anunciou a pretensão de transferir novos imigrantes venezuelanos que estão em Boa Vista para outros estados. A previsão é que o processo ocorra em maio deste ano para Manaus e São Paulo.

À Folha, a Casa Civil confirmou que há um processo de interiorização previsto para maio, com destino às cidades de São Paulo e Manaus, mas ainda não há detalhes sobre data e número de participantes.

“O MDS realiza um trabalho de negociação com a rede de assistência social nos municípios em busca de vagas para novos processos de interiorização. Eles estimam que podem chegar a mil vagas em maio, mas ainda não há previsão para o preenchimento dessas vagas. O ministério negocia contrapartidas do Governo Federal com algumas capitais”, completou.

Segundo informações da Rádio Agência Nacional, o ministro de Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, já teria inclusive se reunido com representantes do governo de Santa Catarina, para discutirem a possibilidade de acolhimento de pessoas que chegam ao Brasil, fugindo da crise política e econômica na Venezuela.

A informação é que as cidades de Porto Alegre e Campinas também teriam se colocado à disposição para o recebimento de venezuelanos. A Folha também tentou contato com o MDS para confirmar as informações, porém, foi informada que os dados seriam repassados apenas através da Casa Civil.

INTERIORIZAÇÃO – No início deste mês, 256 imigrantes foram encaminhados para São Paulo e Cuiabá, com auxílio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. A ação faz parte do processo de interiorização dos imigrantes para desafogar a capital roraimense que acolhe, atualmente, cerca de 40 mil venezuelanos. Para participar, as pessoas devem demonstrar interesse em morar e trabalhar nessas cidades. Além disso, devem estar imunizadas e com documentação regularizada. (P.C.)