Cotidiano

IML adquire equipamento para agilizar e dar confiabilidade às provas dos crimes

Aparelho emite luzes variadas que conseguem identificar provas que são imperceptíveis a olho nu

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) disponibilizou aparelhos para alguns Institutos Médicos Legais (IMLs) do país para investigação externa de corpos de vítimas de homicídio ou que cometeram suicídio. O aparelho também pode ser utilizado para exames de conjunção carnal. O equipamento, que custa cerca de R$ 60 mil, emite luzes de variadas cores, como amarelo, azul, violeta, verde, laranja e vermelho, cada tonalidade para identificar resíduos do local que se agregaram ao corpo, outros expelidos pelo próprio cadáver e até mesmo quando terceiros foram responsáveis por deixar provas nas vítimas.

O aparelho de uso específico da perícia policial deve ser usado com cautela, devido às ondas radioativas. Filtros devem ser utilizados durante o manuseio, além de óculos de proteção correspondente à cor da luz escolhida para cada momento. “Nas situações com vítima de abuso sexual, temos o ato libidinoso, quando há relação sexual sem penetração, mas o indivíduo ‘sugou’ o seio ou lambeu as partes da vítima. Hoje, com o aparelho, possibilita descobrir porque a luz mostra.

Muitas vezes, era a palavra da vítima contra a palavra do abusador. Por isso o juiz diz que não tem argumentos para ‘segurar’ esses supostos abusadores”, relatou o médico legista Francisco Farias.

Como se trata de uma peça pequena, poderá ser levada aos locais onde os crimes aconteceram. “Facilita bastante o trabalho no local de crime, por exemplo, em um homicídio. Com luz normal podemos perder muitas informações. Às vezes a pessoa pegou na parede e, com a luz forense, poderemos identificar coisas que na luz comum não veríamos”, destacou o diretor do departamento de perícia criminal, Wellington Alencar.

O aparelho também aponta casos em que o crime foi forjado. “Quando vemos suicídio por enforcamento, existem inúmeras possibilidades de a pessoa estar naquela posição, mas antes pode ter travado uma luta, batendo na parede, podendo a vítima ter ingerido alguma substância e pode parecer suicídio. Mas às vezes a pessoa foi ‘suicidada’, podendo ter sido pendurada para mascarar outro crime”, afirmou Farias.

O médico legista acrescentou que, quando há crime de violência sexual seguido de morte, e o corpo for levado ao IML, será avaliado com minuciosidade, verificando as cavidades, com a lâmpada, porque antes se faz o exame externo para depois realizar os demais.

“Porque, inicialmente, quando olhamos o corpo, ainda vestido, temos que informar com o que estava vestido, qual era o tipo de material da vestimenta e se havia perfuração. Quando o indivíduo sofre lesão por arma de fogo, é preciso informar que essa perfuração foi feita à queima-roupa ou de uma determinada distância, avaliando indícios de pólvora. Para saber, é só colocar na luz violeta e de repente a pólvora não vista a olho nu vai aparecer”, explicou.

A fonte de luz, de alta frequência, mostra vestígios como impressões digitais, fluidos corporais, pólvora, urina, fibras, manchas e fibras têxteis, pó florescente (utilizado por peritos papiloscopistas) e informam dados que não seriam possíveis sem a ferramenta. “É muito útil e vai facilitar os exames, agilizar o resultado e dar a materialidade que tanto procuramos, porque exame mal feito só interessa ao bandido. Às vítimas e seus familiares, interessa o exame bem sucedido, que comprove as causas da morte ou evidências de atos cometidos de forma criminosa”, frisaram o legista e o perito criminal. (J.B)