A implantação de ciclovias em importantes ruas e avenidas da capital tem causado polêmica nos últimos meses. Na avenida Capitão Júlio Bezerra, próxima da rotatória que divide os bairros 31 de Março, Aparecida e dos Estados, a Prefeitura de Boa Vista já iniciou os trabalhos de delimitação dos blocos de cimento que vão separar a área destinada para ciclista do espaço de circulação de veículos.
A FolhaWeb foi até o local para conversar com alguns comerciantes da área, para saber o que eles acharam da decisão da Administração Municipal em implantar a ciclovia no local. A grande maioria vê a obra com grande temor, uma vez que acreditam que o espaço pode vir a prejudicar o fluxo de entrada de clientes.
“A gente já tem uma grande complicação em relação a espaços para estacionamento e se diminuírem ainda mais o espaço da avenida, certamente isso pode prejudicar a vinda de clientes. Se em horário de pico, a situação já é complicada, imagina quando essa ciclovia estiver pronta”, comentou o gerente de um salão de beleza da localidade.
Inserida dentro do Plano de Mobilidade Urbana da Capital, a obra visa garantir uma melhor harmonia e fluidez no espaço destinado a veículos e pedestres. O projeto contempla várias obras cidade, tais como construção de pontes, paradas de ônibus e adequações de calçadas, melhorando a acessibilidade de pessoas com deficiência. Todas essas atividades foram orçadas no valor de R$ 68 milhões.
Apesar de possuir um caráter positivo, muitos comerciantes se queixam que sequer foram consultados pela Prefeitura sobre a obra. “O mais complicado de tudo é que a Prefeitura nem se deu ao trabalho de consultar os empresários sobre a implantação dessa obra. Aqui no meu comércio, eles não passaram”, disse outro comerciante.
O OUTRO LADO
À FolhaWeb, a Prefeitura de Boa Vista afirmou entender como normal algumas reclamações e que isso faz parte da transformação de Boa Vista numa cidade mais moderna e voltada para todos.
Segundo ela, as obras de Mobilidade Urbana têm como principal objetivo a inclusão e a harmonia de todos na utilização de vias e de espaços públicos para deslocamento ou mesmo prática de alguma atividade esportiva.
“Os traçados planejados para as obras de mobilidade foram estudados cuidadosamente, e ressalta que em outros lugares onde a ciclovia está passando também existem pontos comerciais, e o estudo de áreas alternativas para estacionamento, por exemplo, foram feitas em conjunto, como foi o caso das obras realizadas na avenida Ville Roy, Glaycon de Paiva e demais avenidas por onde passam as obras”, destacou em nota.
Em relação a disposição de vagas para estacionamento, a nota ressalta o alerta da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (Smtran), que pontua afirmando que o estacionamento em cima de calçadas não é permitido pela Lei de Trânsito independente de obras como a ciclovia. “O espaço que é destinado a pedestres deve ficar livre e as construções e mobiliários de identificação das empresas devem estar alinhados de acordo com o Código de Postura do Município”, complementou.
Por fim, a Administração Municipal frisou que a Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo (Smou) realiza um trabalho em parceria com o programa Braços Abertos da prefeitura que faz o acompanhamento de todas as ações do Mobilidade Urbana, entrando em contato com empresários e moradores para explicar a ação e evidenciar o ganho inclusivo que Boa Vista terá.