Cotidiano

Incêndios florestais se intensificam

Produtores rurais ignoraram alerta da Defesa Civil e atearam fogo em suas propriedades durante o feriado da Semana Santa

O secretário executivo da Defesa Civil do Estado, coronel Cleudiomar Ferreira, chamou a atenção para o risco de incêndio nas áreas florestais de Roraima. Ele relatou que as ocorrências atendidas pelo órgão no feriado prolongado de Semana Santa registraram um número muito alto, superior às atendidas no período de Carnaval.
Os municípios de Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema, Cantá e Bonfim não pararam de registrar ocorrências. “Houve combate intenso em algumas destas áreas. Neste momento, algumas estão com fogo na floresta”, disse o coronel. Para solucionar o problema, a partir de hoje a Defesa Civil irá redimensionar as operações existentes e reforçar a equipe das bases, principalmente nas que se encontram em Campos Novos, no Município de Iracema, região Centro-Sul do Estado, e Alto Alegre, região Centro-Oeste.
Sete equipes estiveram em campo durante o feriado de Semana Santa. “Encaminhamos equipes de Boa Vista e uma delas está reforçando o combate na região da Serra da Moça, comunidade indígena na zona rural de Boa Vista”, disse.
O secretário da Defesa relatou que o agravamento das ocorrências neste fim de semana foi por conta das queimas dos produtores rurais. “Por via de regra, durante o período de Semana Santa, é comum começar o período chuvoso. Este ano foi uma exceção e já havíamos adiantado isto”, disse o coronel, mencionando que estão previstas chuvas mais fortes apenas a partir da terceira semana de abril.
Cleudiomar Ferreira explicou que, apesar da recente divulgação de que todas as queimadas controladas no Estado estão proibidas, inclusive para quem possuía anteriormente autorização, muitas chamadas para combater queimadas foram atendidas pela Defesa Civil durante todo o feriado. “Nossas equipes combateram queimadas de área desmatada em praticamente todos os municípios. Principalmente naqueles que têm em vigência a decretação de emergência”, disse.
“Estamos numa situação crítica. Já divulgamos que esta estiagem é pior do que a de 1998”, explicou ao frisar que até agora as áreas florestais só estiveram fora de perigo porque as equipes da Defesa Civil estão em campo, segurando o alastramento do fogo, mas que a instituição se viu numa situação complicada durante o fim de semana. “Foi algo fora do comum. Tivemos que atender áreas enquanto desassistimos outras. Eram muitas queimadas acontecendo ao mesmo tempo, em várias vicinais”, afirmou.
FEMARH – Para amenizar a situação junto aos produtores rurais que não respeitaram os alertas da suspensão de queimadas, a Defesa Civil já encaminhou relatórios para a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). O órgão de fiscalização ambiental deverá acompanhar, após formalização, os próximos combates de incêndios para notificar os infratores no local.
“O que aconteceu neste fim de semana é a prova de que muitos produtores não temem ações que os coíbam quando cometem estas infrações”, disse Cleudiomar Ferreira. O secretário executivo citou ainda que é de conhecimento do órgão que grande parte dos produtores precisa fazer as queimadas para subsistir. No entanto, muitos não têm necessidade. “Boa parte destas pessoas queima simplesmente para alargar áreas de pasto, ou até desmatam para aumentar a área produtiva. Neste caso, na maioria das vezes, são grandes produtores e depredadores da natureza”, disse. (JPP)