Lideranças indígenas das comunidades Yanomami cobram do Governo Federal maior celeridade em relação à nomeação do novo responsável pela coordenação do Distrito Especial de Saúde Indígena Yanomami (Dsei-Y).
Em entrevista à Folha, o grupo relatou que, diferente do que vinha ocorrendo em anos anteriores, essa é a primeira vez que o governo se posicionou favorável à abertura de um diálogo com os índios.
No dia 20 do mês passado, uma reunião com várias associações foi realizada para discutir possíveis nomes para assumir a coordenação do Dsei-Y. “Como houve a troca de governo, saindo a presidente Dilma Rousseff e assumindo interinamente o presidente Michel Temer, tivemos conhecimento, por meio de portarias, que haveria também mudanças na gestão dos distritos indígenas. Nós realizamos uma reunião com todas as associações ligadas aos povos Yanomami para discutir um nome de nossa confiança para assumir o Distrito. Ou seja, que não fosse uma indicação política”, afirmou o presidente da Associação dos Povos Indígena de Roraima (Huenama), Júnior Hekurari Yanomami.
Segundo o sindicalista, as lideranças chegaram à conclusão de que o indigenista João Batista Catalano seria a pessoa ideal para assumir o cargo, visto os serviços que foram prestados por ele quando esteve na coordenação da Frente de Proteção Indígena Yanomami Yekuana. Um documento com a sugestão do nome foi enviado para Brasília para dar celeridade ao processo.
“Como agora tivemos uma abertura, voltamos a indicar o João Catalano, que tem uma grande experiência com a saúde indígena, é indigenista, trabalhou muitos anos na CCPY, Funai, Funasa, e atualmente está na Frente de Proteção Indígena Yanomami Yekuana. Temos confiança no trabalho dele e acreditamos que vai contribuir muito para a saúde indígena”, ressaltou Júnior Yanomami.
Por meio de nota, o atual coordenador do Distrito Especial de Saúde Indígena Yanomami (Dsei-Y), Robson Mangueira, confirmou que deverá deixar o cargo a qualquer momento. Segundo ele, desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e o novo alinhamento político que se instalou na capital federal sua exoneração era apenas questão de tempo. “A minha exoneração foi solicitada em 16 de maio e no mesmo dia compareci à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília, e solicitei agilidade, por intenção de retornar ao meu órgão de origem, o INSS”, contou.
Ainda de acordo com Mangueira, no dia 17, ao retornar para Boa Vista, o mesmo comunicou a decisão a todas as associações indígenas, fazendo apenas duas solicitações. A primeira seria que não indicassem seu nome, pois não teria intenção de ficar, em face da falta de sincronia de gestão com o nível central; e outra que, quando fossem usar do direito legal de participar da indicação do novo coordenador, que optassem por alguém com perfil de gestor, de forma que se pudesse dar continuidade ao processo de reestruturação do Dsei Yanomami.
“Desta forma, as seis associações indígenas representativas dos povos Yanomami e Yekuana, em Roraima e no Amazonas, têm a prerrogativa de discutir, analisar e indicar o nome do novo coordenador sem a interferência minha ou de quaisquer outros personagens não indígenas”, concluiu. (M.L)