Mesmo após o Governo do Estado anunciar que o ginásio do bairro Pintolândia, na zona Oeste, passaria a funcionar como abrigo permanente para venezuelanos que estariam em situação de vulnerabilidade na Capital, os semáforos das principais avenidas continuam sendo tomados indígenas do país vizinho, que ainda levam crianças e colocam-nas em situação de risco.
A cena se tornou comum nos semáforos das avenidas mais movimentadas de Boa Vista: a presença de índias da etnia Warao, tribo da Venezuela, muitas vezes com crianças de colo, vendendo mel e produtos artesanais ou pedindo esmolas aos condutores de veículos e pedestres, expostas ao sol e aos perigos do trânsito.
Segundo o juiz titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Boa Vista, Parima Veras, o Centro de Referência ao Imigrante mantido pelo Governo do Estado e Prefeitura de Boa Vista oferece todo o suporte necessário aos venezuelanos. “Agora o alojamento serve como abrigo, com café da manhã, almoço e janta, além de atendimento médico e odontológico”, destacou.
Ele afirmou que a população não precisa mais dar dinheiro aos indígenas. “A mudança do Centro de Referência ao Imigrante do bairro São Vicente para o Pintolândia foi feita a pedido do Tribunal de Justiça. Não tem mais necessidade de a população dar dinheiro porque leva as crianças para ruas e as deixam em situação de risco”, disse.
O juiz informou que será criada uma conta bancária específica para que as pessoas que desejam contribuir façam doações em dinheiro. “As índias continuam nos sinais justamente porque estão conseguindo dinheiro. Se a população deixar de fazer isso, elas não terão mais atrativo para irem para a rua. Todos foram convidados a ir para o abrigo, mas eles saem de lá para as ruas porque a população continua dando dinheiro. Quem quiser contribuir, que faça doação ao centro, pois criaremos uma conta específica para as pessoas ajudarem”, frisou.
Segundo Veras, o número de crianças venezuelanas internadas no hospital tem crescido por conta da exposição nos semáforos. “A nossa maior preocupação são as crianças que estão adoecendo em situação de risco.
Algumas estavam dormindo na feira e faziam as necessidades lá, outros dormiam ao relento, atrás da rodoviária. Pedi que fosse feito um levantamento no Hospital da Criança e só lá tinha 29 venezuelanas internadas. Quando é internação, é grave, fora outros atendimentos ambulatoriais”, alertou.
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que o Centro de Referência ao Imigrante foi montado com duas finalidades: oferecer um lugar de abrigamento temporário para os venezuelanos em situação de vulnerabilidade social e centralizar os serviços oferecidos pelo Governo Estadual e pelos parceiros. “Neste momento, estamos utilizando o Ginásio do Pintolândia, mas não existe a obrigatoriedade, por força de lei, de permanência constate dos imigrantes no local e nem há como forçar essa permanência”, disse.
“Entretanto, não se permite mais que permaneçam nas feiras, rodoviária e locais de controle, e aí, sim, podemos solicitar a saída deles. Infelizmente, e mesmo com os esforços empregados para retirar essas pessoas da rua, muitos deles, principalmente os indígenas, retornam para as ruas para pedir dinheiro. Isso é cultural”, explicou.
Por este motivo, o Governo do Estado destacou que o Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM) está iniciando uma campanha para que a população roraimense não dê esmolas ou qualquer tipo de ajuda diretamente para os venezuelanos. Desta forma, espera conseguir retirar os pedintes dos semáforos e cruzamentos. Além disso, o GIGM pede que qualquer morador que veja os venezuelanos com crianças nos semáforos, entre em contato com o Conselho Tutelar e denuncie.
“O Centro de Referência ao Imigrante trabalha oferecendo alimentação (café, almoço e jantar), lugar para permanecer e dormir, além de atendimento médico/odontológico. Desta forma, não há justificativa para que eles permaneçam pedindo dinheiro nos semáforos e nem para a doação por parte dos moradores de Boa Vista, pois o dinheiro é o principal motivo de estarem nas ruas da cidade e atraindo mais pessoas para essa prática”, pontuou. (L.G.C)