Após negociação, indígenas da etnia Yanomami liberaram os 17 servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que eram feitos reféns desde o domingo, 16. Quatro deles foram liberados ainda na terça-feira e o restante chegou à Boa Vista ontem, 19.
Manifestação ocorreu em razão da morte de duas crianças indígenas no período de dez dias. Os indígenas também exigem a saída do atual coordenador do Distrito Sanitário Yanomami (DSEI-Y), Rousicler de Jesus Oliveira.
De acordo com o presidente da Hwenama Associação dos Povos Yanomami de Roraima, Júnior Hakurari Yanomani, apesar de a Sesai ter solicitado apoio da Polícia Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai) na negociação, o diálogo que resultou na liberação dos funcionários e de três aeronaves ocorreu somente por meio de um assessor do próprio DSEI junto a representações indígenas da região.
“Nessa negociação, participaram a Hwenama, Sedume dó Yekuana, a Hutukara e um assessor do DSEI-Y. De autoridade federal, somente o Exército acompanhou todo o processo”, declarou.
Um documento com a demanda dos indígenas também foi encaminhado ao assessor do órgão. Além do pedido de exoneração de Rousicler Oliveira, as entidades pedem que o Governo Federal tome providências em relação à prestação de saúde na região de Surucucu, no município de Alto Alegre, Centro-Oeste do Estado.
“No documento, os indígenas pedem que o Governo ouça a reivindicação dos indígenas, pois a situação de saúde nas comunidades é muito grave”, completou.
A reportagem também entrou em contato com do DSEI-Y, que confirmou entendimento junto aos indígenas para a liberação dos servidores. A coordenação negou que haja negligência em relação à prestação de serviços de saúde na região.
“Recebo os fatos com muita tranquilidade, até porque temos que verificar ponto a ponto o que de fato aconteceu. Dois óbitos aconteceram, as causas estão investigadas e não houve negligência, pois o polo estava com equipe completa e com todos os equipamentos, medicamentos e material hospitalar necessário para o desenvolvimento das ações básicas de saúde”, completou.